quarta-feira, dezembro 19, 2007

Carta de James Hansen a Gordon Brown

A Grã-Bretanha, um dos países onde a investigação sobre o clima e a acção governamental (pelo menos em teoria) contra as Alterações Climática são dos mais avançados, corre o risco de retroceder com a aprovação de um novo plano de construção de centrais a carvão. James Hansen, cientista reconhecido no estudo das AC, escreve ao Primeiro-Ministro Britânico, Gordon Brown, apelando à sua liderança, tendo em conta as responsabilidades históricas da Grã-Bretanha. A carta na íntegra. Aqui a versão com o anexo referido na carta.
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terça-feira, dezembro 18, 2007

Jared Diamond: o estado do ambiente no Mundo


Entrevista (texto e vídeo) dada à Scientific American. Aqui, recensão da obra de Diamond, "Colapso" pela Scientific American.
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segunda-feira, dezembro 17, 2007

Bali, o Nobel da Paz e Al Gore

Para quem está absolutamente convencido que Al Gore mereceu o prémio Nobel da Paz pelos seus esforços no combate às Alterações Climáticas, talvez reconsidere depois de ler este texto de George Monbiot.
Neste texto (traduzido), Monbiot demonstra claramente o fracasso da Conferência de Bali sobre as Alterações Climáticas, chamando os bois pelos nomes.
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domingo, dezembro 16, 2007

Closing press briefing (15.12.07)

«However there was palpable disappointment with the huge concessions made to get America's agreement, mostly over lack of detail about any key pledges»

Ninguém quer admiti-lo, mas a verdade é que esta cimeira foi um fracasso, se tivermos em conta a urgência de começar a dar resposta ao problema (que tem associado processos com uma tremenda inércia, como sejam os investimentos em novas centrais a carvão, e todo uma série de investimentos nos transportes, habitação, energia, etc., que uma vez realizados não podem ser facilmente revertidos) de forma objectiva e concreta não se limitando a declarações de intenções.

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Ban Ki-moon urges action on climate change (12.12.07)

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sexta-feira, dezembro 07, 2007

O que é o Progresso?

«When you warn people about the dangers of climate change, they call you a saint. When you explain what needs to be done to stop it, they call you a communist.»

George Monbiot, "What is Progress?" Ler mais...

terça-feira, dezembro 04, 2007

O divórcio não é verde

A REALLY INCONVENIENT TRUTH: DIVORCE IS NOT GREEN

The data are in. Divorce is bad for the environment. A novel study that links divorce with the environment shows a global trend of soaring divorce rates has created more households with fewer people, has taken up more space and has gobbled up more energy and water.

Os divorciados têm uma maior pegada ecológica. A Igreja Católica ainda se lembra desta....

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segunda-feira, novembro 12, 2007

Entrevista do Financial Times a Fatih Birol (economista-chefe da Agência Internacional de Energia)


Finalmente, a AIE vem admitir dificuldades (WEO 2007) com o abastecimento do petróleo face à crescente procura. Vale a pena ler as principais passagens da entrevista e comentários de "Jerome a Paris" aqui.

Uma transcrição da entrevista pode ser lida na página do próprio FT, bastando para isso registar-se gratuitamente (interview with the FT).
Fatih Birol alerta que são necessárias mudanças drásticas desde já para reduzir o consumo de energia, quer por razões de segurança energética, quer por causa das alterações climáticas. Vem admitir que o pico do petróleo fora da OPEP já passou e incertezas quanto ao nível das reservas da OPEP, coisa que Matthew Simmons vinha há muito a dizer.
Vindo de quem vem, uma organização ligada aos países da OCDE, tradicionalmente conservadora nas suas avaliações e que ainda há pouco tempo desvalorizava os alertas, dá que pensar e deveria fazer reflectir o nosso governo. Mas ainda mais significativas são as afirmações dos CEO's da Conoco Phillips e da BP sugerindo que as previsões de procura da AIE de 116 mb/d para 2030 são absurdas e que não acreditam que alguma vez a produção ultrapasse os 100 mb/d.
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segunda-feira, novembro 05, 2007

China: o grande passo para trás


"O GRANDE PASSO PARA TRÁS" (tradução parcial de artigo publicado na revista "Foreign Affairs")

Os problemas ambientais da China estão a aumentar e o país está a tornar-se rapidamente um dos maiores poluidores do mundo. A situação continua a deteriorar-se porque, mesmo quando Pequim define objectivos ambiciosos para defesa do ambiente, os responsáveis locais geralmente ignoram-nos, preferindo concentrar-se em promover o crescimento económico.
Uma real melhoria do ambiente na China irá exigir reformas políticas e económicas revolucionárias que partam de baixo para cima ("bottom-up").

A poluição da água e a sua escassez estão a pesar sobre a economia, o aumento dos níveis da poluição do ar está a pôr em perigo a saúde de milhões de chineses, e uma boa parte do território está a transformar-se rapidamente num deserto. A China tornou-se líder mundial na poluição do ar e da água e na degradação do solo, e um dos principais responsáveis por alguns dos mais incómodos problemas ambientais globais tais como o comércio ilegal de madeira, a poluição marítima e as alterações climáticas. À medida que os grandes problemas de poluição da China aumentam, assim, também, os riscos para a sua economia, saúde pública, estabilidade social e reputação internacional. Como avisou, em 2005, Pan Yue , vice ministro da Agência de Protecção Ambiental Estatal da China , "* O milagre [económico] acabará em breve porque o ambiente não consegue acompanhar o ritmo"*

Com o aproximar dos Jogos Olímpicos de 2008, os líderes chineses aumentaram a sua retórica, estabelecendo objectivos ambientais ambiciosos, anunciando níveis mais elevados de investimento ambiental e exortando os líderes empresariais e funcionários locais a limparem as suas áreas. O resto do mundo parece aceitar que a China está a trilhar um novo curso : quando a China se declara aberta aos negócios amigos do ambiente, funcionários governamentais nos EUA, UE e Japão interrogam-se não sobre se, mas quanto investir.
Infelizmente, muito deste entusiasmo deriva de uma crença generalizada mas errónea de que tudo o que Pequim ordena se cumpre. O governo central define a agenda nacional, mas não controla todos os aspectos da sua implementação. Na realidade, os responsáveis locais raramente dão ouvidos às directivas ambientais de Pequim, preferindo concentrar as suas energias e recursos na promoção do crescimento económico. A verdade é que para mudar o panorama ambiental na China será necessário algo muito mais difícil do que fixar metas e gastar dinheiro. Exigirá reformas politico-económicas revolucionárias da base para o topo.

Por um lado, os líderes chineses precisam de tornar mais fácil para os responsáveis locais e para os industriais fazer o mais correcto no que diz respeito ao ambiente, dando-lhes os incentivos certos. Ao mesmo tempo, precisam de suavizar as restrições políticas que impuseram sobre os tribunais, as organizações não governamentais e a comunicação social, de forma a permitir a estes grupos tornarem-se executores independentes da protecção ambiental.

Pecados de emissão

O rápido desenvolvimento da China, frequentemente descrito como um milagre económico, tornou-se um desastre ambiental. O crescimento recorde necessariamente requer um consumo gigantesco de recursos, mas na China o uso de energia tem sido particularmente "sujo" e ineficiente, com graves consequências para o ar, terra e água do país.

O carvão que tem alimentado o crescimento económico chinês, por exemplo, está também a sufocar o seu povo. O carvão providencia 70% das necessidades energéticas da China: o país consumiu cerca de 2,4 mil milhões de toneladas em 2006 – mais do que os EUA, Japão e o Reino Unido combinados. Em 2000, a China previu que duplicaria o consumo de carvão em 2020; agora, espera-se que venha a fazê-lo até ao fim deste ano. O consumo na China é gigantesco em parte porque é ineficiente: como um funcionário chinês relatou ao "Der Spiegel" em princípios de 2006, "para produzir bens no valor de $10,000 necessitamos de 7 vezes mais recursos que os usados pelo Japão, quase 6 vezes mais recursos utilizados pelos EUA e – uma fonte particular de embaraço – quase três vezes mais recursos do que a Índia"


Entretanto, esta dependência do carvão está a devastar o ambiente na China. O país alberga 16 das 20 cidades mais poluídas do mundo, e 4 das piores dentre elas estão na província rica em carvão de Shanxi, no nordeste da China. Tanto quanto 90% das emissões de dióxido de enxofre da China e 50% das suas emissões de partículas são o resultado da utilização do carvão. As partículas são responsáveis por problemas respiratórios entre a população, e a chuva ácida, causada pelas emissões de dióxido de enxofre, cai sobre um quarto do território e um terço das terras agrícolas, diminuindo a produção e degradando os edifícios.

Ainda assim, o uso do carvão pode, em breve, ser o menor dos problemas de qualidade do ar na China. A explosão dos transportes coloca um desafio crescente à qualidade do ar na China. As construtoras chinesas estão a desenvolver mais de 52.700 milhas de novas auto-estradas pelo país fora. Cerca de 14.000 novos carros chegam às estradas chinesas em cada dia. Em 2020, espera-se que a China venha a ter 130 milhões de automóveis, e em 2050 – ou talvez já em 2040 – que venha a ter mais automóveis que os EUA. Pequim já paga um alto preço por esta "explosão". Num inquérito de 2006, os chineses classificaram Pequim como a 15ª cidade da China com melhor qualidade de vida, caindo do 4ª lugar que ocupava em 2005, sendo esta queda da responsabilidade do aumento do tráfego e da poluição. Os níveis de partículas suspensas no ar são agora seis vezes superiores em Pequim do que Nova Iorque.

Os planos de urbanização em grande escala da China só agravarão estes problemas. Os líderes chineses planeiam transferir 400 milhões de pessoas – equivalente a bem mais que toda a população dos EUA – para novos centros urbanos entre 2000 e 2030. No processo, irão erguer metade de todos os edifícios que se espera venham a ser construídos em todo o mundo neste período. Esta é uma perspectiva problemática tendo em conta que os edifícios chineses não são energético-eficientes – na realidade, são cerca de duas vezes e meia menos que os da Alemanha. Além disso, os novos chineses urbanos, que usam aparelhos de ar condicionado, televisores, e frigoríficos, consomem cerca de três vezes e meia mais energia que os que vivem no campo. E, embora a China seja um dos maiores produtores mundiais de painéis solares, lâmpadas fluorescentes e janelas energético-eficientes, a maior parte é produzida para exportação. A não ser que uma fracção acrescida destes equipamentos economizadores de energia fique no país, o "boom" de construção resultará numa explosão do consumo de energia e da poluição.

O solo na China tem sofrido também os efeitos de um desenvolvimento sem limites e a negligência do ambiente. Séculos de desflorestação acompanhados de pastoreio intenso e sobrecultivo das terras aráveis, deixaram grande parte do norte e noroeste da China seriamente degradado. No último meio século, ainda por cima, as florestas e terras agrícolas tiveram que dar lugar à indústria e às cidades em expansão, resultando na diminuição dos rendimentos das colheitas, na perda de biodiversidade e em alterações climáticas locais. O Deserto de Gobi, que agora envolve grande parte do oeste e norte da China, está a expandir-se a cerca de 1900 milhas quadradas por ano; alguns relatórios afirmam que apesar dos esforços agressivos de reflorestação de Pequim, um quarto de todo o país é agora deserto. A Administração Florestal do Estado estima que a desertificação atinge 400 milhões de chineses, fazendo de milhões deles refugiados ambientais em busca de novos lares e empregos. Entretanto, grande parte do solo arável na China está contaminado, levantando a preocupação quanto à segurança dos alimentos. Crê-se que tanto quanto 10% dos terrenos agrícolas estão poluídos, e cada ano 12 milhões de toneladas de cereal estão contaminadas com metais pesados absorvidos pelo solo.

Riscos relacionados com a água

E depois há o problema relacionado com o acesso à agua potável. Apesar da China possuir os quartos maiores recursos de água doce do mundo (depois do Brasil, Rússia e Canadá), a enorme procura, sobreuso, ineficiências, poluição e distribuição desigual levaram a uma situação na qual dois terços das cerca de 660 cidades chinesas têm menos água da que necessitam e 110 sofrem de graves carências. Segundo Ma Jun, especialista em águas, várias cidades perto de Pequim e Tianjin, na região nordeste do país, poderão ficar sem água dentro de 5 a 7 anos.

A crescente procura é parte do problema, mas é-o também o enorme desperdício. [...].

A poluição está também a ameaçar as fontes de abastecimento de água da China. As águas subterrâneas, que fornecem 70% do total de água potável do país, estão sob a ameaça de uma variedade de fontes, desde a poluição das águas à superfície, locais de deposição de resíduos a pesticidas e fertilizantes. Segundo uma nota da agência noticiosa governamental Xinhua, os aquíferos de 90% das cidades chinesas estão poluídos. Mais de 75% da água dos rios que passa por áreas urbanas é considerada imprópria para beber ou pescar, e o governo chinês considera cerca de 30% da água que corre pelos rios do país desadequada para a agricultura e a indústria. Em consequência, quase 700 milhões de pessoas bebe água contaminada com resíduos humanos e animais. O Banco Mundial concluiu que a incapacidade em fornecer plenamente 2/3 da população rural com água canalizada é a causa principal da mortalidade infantil até aos 5 anos e é responsável por tanto quanto 11% dos casos de cancro gastrointestinal.

[...].
Os líderes chineses estão também crescentemente preocupados acerca de como as alterações climáticas poderão exacerbar a situação ambiental doméstica. Na Primavera de 2007, Pequim publicou o seu primeiro relatório nacional de avaliação sobre as alterações climáticas, prevendo uma quebra de 30% na precipitação em três das sete maiores regiões fluviais da China – em torno dos rios Huai, Liao e Hai – e uma quebra de 37% nas produções de trigo, arroz e milho, na segunda metade do século. [...] E tanto cientistas chineses como internacionais avisam agora que devido à subida do nível do mar, Xangai poderá ser submersa em 2050.

Danos Colaterais

Os problemas ambientais da China estão já a afectar o resto do mundo. O Japão e a Coreia do Sul sofrem há muito os efeitos das chuvas ácidas provocadas pelas centrais eléctricas a carvão, e das tempestades de poeira vindas de leste através do Deserto de Gobi na Primavera, espalhando uma poeira amarela tóxica pelas suas terras. [...]. A agência dos EUA para a protecção ambiental (EPA) estima que em alguns dias, 25% das partículas na atmosfera em Los Angeles são originárias da China. Os cientistas também rastrearam os crescentes níveis de mercúrio no solo dos EU até às centrais eléctricas a carvão e às fábricas de cimento na China. (Quando ingerido em quantidades significativas, o mercúrio pode provocar deficiências congénitas e problemas de desenvolvimento)[notícia relacionada: Baby Born with Birth Defects Every 30 Seconds] . Calcula-se que 25 a 40% de todas as emissões de mercúrio no mundo vêm da China.

O que a China despeja nas suas águas está também a poluir o resto do mundo. De acordo com a ONG WWF, a China é agora o maior poluidor do Oceano Pacífico. [...] A China liberta cerca de 2,8 mil milhões de toneladas de água contaminada para o Bo Hai (mar ao longo da costa norte da China) e o conteúdo em metais pesados nas lamas no seu leito é agora 2.000 vezes superior aos próprios níveis de segurança oficiais. A apanha de lagostim caiu 90% nos últimos 15 anos. Em 2006, nas províncias pesadamente industrializadas do sudeste, Guangdong (Cantão) e Fujian, quase 8,3 mil milhões de toneladas de esgoto sem tratamento foi lançado no oceano, um aumento de 60% face a 2001. Mais de 80% do Mar da China Oriental, um dos maiores bancos de pesca do mundo, está agora classificado como impróprio para a pesca, face a 53% em 2000.
Além disso, a China já está a atrair a atenção internacional pela sua rapidamente crescente contribuição para as alterações climáticas. De acordo com um relatório de 2007 da Agência Holandesa de Avaliação Ambiental, a China já ultrapassou os EUA como maior contribuidor mundial de dióxido de carbono, um dos principais gases com efeito de estufa, para a atmosfera. A não ser que a China repense a sua utilização das várias fontes de energia e adopte tecnologias de ponta eco-eficientes, alertou Fatih Birol, economista-chefe da Agência Internacional da Energia, em 25 anos a China emitirá o dobro de dióxido de carbono que todos os países da OCDE combinados.

Os parceiros económicos da China no mundo em desenvolvimento enfrentam um fardo adicional resultante das suas actividades económicas. As multinacionais chinesas, que exploram recursos naturais em África, América Latina, e Sudeste Asiático de forma a alimentar a continuada ascensão económica chinesa, estão a devastar os “habitats” destas regiões nesse processo. A fome chinesa por madeira explodiu na última década e meia, e particularmente desde 1998, quando inundações devastadoras levaram Pequim a impor restrições no abate doméstico de árvores. A importação de madeira pela China mais que triplicou entre 1993 e 2005. Segundo o WWF , a procura da China por madeira, papel e pasta de papel irá provavelmente aumentar cerca de 33% entre 2005 e 2010.
A China é já o maior importador do mundo de madeira abatida ilegalmente : uns estimados 50% das suas importações de madeira são reportadas ilegais. O abate ilegal é especialmente prejudicial para o ambiente porque atinge frequentemente florestas raras e antigas, faz perigar a biodiversidade e ignora práticas florestais sustentáveis. Em 2006, o governo do Cambodja, por exemplo, ignorou as suas próprias leis e atribuiu à companhia Wuzhishan LS Group uma concessão de 99 anos que era 20 vezes maior que o tamanho permitido pela lei cambodjana. As práticas da empresa, incluindo a dispersão de grandes quantidades de herbicida, desencadearam repetidos protestos por parte da população local. Segundo a ONG internacional Global Witness, as companhias chinesas destruiram grandes porções da floresta ao longo da fronteira Sino-Birmanesa e estão agora a deslocar-se em direcção ao interior das florestas da Birmânia em busca de madeira. Em muitos casos, a actividade de abate ilícito decorre com o apoio activo de funcionários locais corruptos. Funcionários dos governos centrais da Birmânia e da Indonésia, países onde os madeireiros da China são activos, protestaram contra tais práticas, mas as melhorias foram limitadas. Estas actividades, juntamente com as das companhias mineiras e de energia, levantam sérias preocupações ambientais para muitas populações locais do mundo em desenvolvimento.

Na perspectiva dos líderes chineses, contudo, os danos ao ambiente em si mesmos são um problema secundário. Reveste de maior preocupação para eles os seus efeitos indirectos: a ameaça que colocam à continuação do milagre económico chinês e à saúde pública, estabilidade social, e reputação internacional do país. Tomados em conjunto, estes desafios poderiam minar a autoridade do Partido Comunista.
Os líderes chineses estão peocupados acerca do impacto do ambiente sobre a economia[notícia realcionada: China Announces $14.5B Lake Cleanup] . Vários estudos conduzidos quer dentro, quer fora, da China, estimam que a degradação ambiental e a poluição custam à economia chinesa entre 8 a 12% do PIB por ano. Os meios de comunicação social da China publicam frequentemente os resultados de estudos sobre o impacto da poluição na agricultura, na produção industrial ou na saúde pública: poluição da água custa 35.8 mil milhõesde dólares (mm$) ano, poluição do ar custa 27.5 mm$ e mais e mais, com os desastres climáticos (26.5 mm$), as chuvas ácidas (13.3 mm$), a desertificação (6mm$), ou culturas danificadas pela poluição dos solos (2.5mm$). A cidade de Chongqing, nas margens do rio Yangtze, estima que lidar com os efeitos da poluição da água na sua agricultura e na saúde pública custa tanto quanto 4.3% do PIB anual da cidade. A província de Shanxi tem visto os seus recursos em carvão carburar o resto do país ao passo que paga o preço com as árvores enfezadas, o seu ar e água contaminados e o afundamento das suas terras (land subsidence). As autoridades locais estimam os custos da degradação ambiental e da poluição em 10.9% do PIB anual da província e pediram a Pequim compensação para a província pela sua “contribuição e sacrifício”.
O Ministério Chinês da Saúde Pública está também a soar o alarme com crescente urgência. Num inquérito a 30 cidades e 78 distritos, tornado público na Primavera, o ministério atribuía à crescente poluição do ar e da água o dramático aumento por todo o país da incidência do cancro: um aumento de 19% nas áreas urbanas e de 23% nas áreas rurais desde 2005. Um instituto de pesquisa afiliado da SEPA colocou o número total de mortes prematuras na China causadas por doenças respiratórias relacionadas com a poluição do ar em 400.000 por ano. Mas esta pode ser uma estimativa conservadora : segundo um projecto de pesquisa conjunto entre o Banco Mundial e o governo chinês publicado este ano, o número total de tais mortes é de 750.000 por ano. (Diz-se que Pequim não quis divulgar este último número por receio de que incitasse à inquietação social).
Menos bem documentado, mas potencialmente ainda mais devastador, é o impacto sobre a saúde da poluição da água na China. Hoje, 190 milhões de chineses estão doentes por beberem água contaminada. Ao longo de todos os grandes rios chineses, as aldeias relatam grandes aumentos das taxas de doenças ligadas à diarreia, cancro, tumores, leucemia, etc.
A inquietação social em relação a estes assuntos é crescente. Na Primavera de 2006, um alto funcionário do ambiente, Zhou Shengxian, anunciou que houve 51.000 protestos relacionados com a poluição em 2005, o que corresponde a cerca de 1.000 protestos por semana. As queixas dos cidadãos acerca do ambiente, expressas através de linhas de contacto oficiais ou por carta a funcionários locais, têm aumentado a uma taxa de 30% ao ano; Provavelmente ultrapassarão as 450.000 em 2007. Mas poucas terão uma resolução satisfatória, de maneira que pelo país fora um número crescente de pessoas protesta nas ruas. Durante vários meses em 2006, por exemplo, os residentes de 6 aldeias vizinhas na província de Gansu mantiveram protestos repetidamente contra as fundições de zinco e ferro que eles acreditavam estar a envenená-los. Metade dos 4.000 a 5.000 aldeões exibiam doenças relacionadas com o chumbo, variando da deficiência em vitamina D a problemas neurológicos.
Muitas das manifestações são relativamente pequenas e pacíficas. Mas quando falham, os manifestantes recorrem por vezes à violência. Após tentarem durante 2 anos obter compensação, através de petições ao nível local, provincial e mesmo junto de funcionários do governo central, pela suas colheitas estragadas e ar envenenado, na Primavera de 2005, 30.000 a 40.000 aldeãos da província de Zhejiang invadiram 13 fábricas químicas, partindo janelas, derrubando autocarros, atacando funcionários do governo e incendiando carros da polícia. O governo enviou 10.000 membros da “Polícia Armada do Povo” em resposta. Foi ordenado o encerramento das fábricas, e vários activistas ambientais que tentaram monitorizar o cumprimento da ordem foram mais tarde detidos. Em geral, os líderes chineses têm conseguido evitar - ainda que por vezes violentamente – que o descontentamento em relação aos problemas ambientais se propague para além das fronteiras provinciais ou se transforme em exigências de mais amplas reformas políticas. [...]

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terça-feira, outubro 30, 2007

Apresentação de James Lovelock na Royal Society


Climate Change on the living Earth.

«Observations from around the Earth suggest that even the gloomiest predictions of climate change from
the 2007 IPCC report may underestimate the seriousness of the changes due this century.»
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quarta-feira, outubro 24, 2007

terça-feira, outubro 23, 2007

Os problemas energéticos: uma das maiores ameaças deste século

O Conselho InterAcademias, que reúne as academias de ciências de todo o mundo, alertou que os desafios em torno do problema da energia colocam um dos maiores perigos à Humanidade neste século, salientando o perigo das guerras pelo controlo de combustíveis fósseis como o petróleo e os problemas relacionados com as alterações climáticas. Ver notícia aqui.
No relatório "Lighting the Way: Toward a Sustainable Energy Future" afirma-se que o rumo actual é insustentável e analisam-se as opções do hidrogénio, biocombustíveis, nuclear, etc. Muitas destas tecnologias não resolverão por si nenhum problema. Há um forte incentivo ao desenvolvimento das energias renováveis, mas afirma-se que é necessário combater o desperdício e a ineficiência. Para tudo isto é absolutamente essencial uma conjugação de esforços a nível internacional, sem a qual nenhuma solução poderá ser encontrada. Quem pense, por exemplo, que é possível vedar à China o acesso ao petróleo e gás natural sem daí advirem problemas graves para o resto do mundo, não está ciente de que isso só levará a China a usar ainda mais carvão para as suas necessidades energéticas, com as consequências que se conhecem sobre o clima e a necessidade urgente de reduzir as emissões de CO2.
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domingo, outubro 21, 2007

Perspectivas para o preço do petróleo: 100 US$ no fim do ano?

A semana passada o petróleo ultrapassou os 90 dólares por barril no mercado americano:
Crude Oil Breaches $90 a Barrel on Dollar Drop Against Euro
Ainda há dias, 3 de Outubro, o presidente da Partex, apesar de alertar para os problemas energéticos que se avizinham, afirmava, segundo o Jornal de Negócios, que o preço do “Petróleo nos 100 dólares por barril daqui a 2 anos”.
Segundo os entrevistados nestes vídeos, é bem possível que se atinjam aqueles valores em 2 meses.

Esta escalada recente tem razões conjunturais, como a possibilidade de incursão do exército turco no Curdistão iraquiano para retaliar contra o PKK, desestabilizando a única região do Iraque estável e detentora de grandes reservas de petróleo. Outros factores de natureza geopolítica são também muito importantes. Mas parecem já fazer-se sentir razões de natureza ainda mais fundamental. A produção não tem crescido nos últimos dois anos (apesar do aumento do investimento) ao passo que a procura não cessa de aumentar. Há mesmo quem diga que a produção global de petróleo já atingiu o pico e que daqui por diante manter-se-á estável por uns tempos e depois declinará rapidamente. Ver aqui e aqui.
Ver mais aqui.

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Oil on The Rise (Again)

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Pickens: $100-a-Barrel Oil on the Way

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sexta-feira, outubro 12, 2007

A Vingança de Gaia - James Lovelock


Um livro sobre a Terra e o abuso que o Homem está a cometer sobre ela. O cientista que desenvolveu a Teoria de Gaia (Deusa grega da Terra), James Lovelock, compara a Terra a um organismo vivo que se autoregula, punindo aqueles que violam o seu equílibrio delicado, desenvolvido ao longo de milhões de anos. Essa punição poderá ser severa para a Humanidade.
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quarta-feira, outubro 10, 2007

Dia da Dívida Ecológica - Ecological Debt Day



No dia 6 de Outubro assinalou-se o Dia da Dívida Ecológica, a data a partir da qual o mundo passou oficialmente a viver acima dos seus meios (ver notícia do Telegraph).
Só para exemplificar, segundo o "think-tank"
New Economics Foundation, se todos os habitantes da Terra tivessem os mesmos padrões de consumo dos norte-americanos, seriam necessários 5,3 planetas Terra para os manter, sendo de 3,1 para a França e Grã-Bretanha, 3 para a Espanha, 2,5 para a Alemanha e 2,4 para o Japão. A adopção das taxas de consumo da China, apesar de todo o seu crescimento económico, ainda seria comportável nos limites do planeta, 0,9 (Ver aqui). No entanto, como sabemos, países como a China e a Índia aspiram legitimamente a níveis de vida superiores, sendo de esperar um agravamento da Dívida Ecológica. Manifestamente temos que repensar os nossos modelos de consumo, caso contrário deparar-nos-emos com o colapso.


"The world will no longer be divided by the ideologies of 'left' and 'right,' but by those who accept ecological limits and those who don't."


Wolfgang Sachs, Wuppertal Institute



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sábado, setembro 08, 2007

"Vida fora de controlo" - as consequências das plantas e animais geneticamente modificados



Life running out of control - consequences of genetically modified plants and animals

Este documentário pôde ser visto na SIC Notícias (deve repetir).

Sobre o mesmo assunto dos transgénicos ou OGM's, organismos geneticamente modificados, ler esta entrevista ao Prof. Séralini (investigador em biologia molecular, autor de "Génétiquement incorrect", "Ces OGM qui changent le monde", entre outras obras)

Ver a este propósito, este engraçado e mordaz vídeo "The Colbert Report - Milk & Hormones" da Comedy Central.

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sábado, setembro 01, 2007

Os transportes públicos: que critério de eficiência?



Quando se avalia a eficiência das empresas de transporte público, o lucro ("Lucro das empresas públicas cresceu 4 vezes") não deve ser a variável essencial da análise (1). E isto porquê?
O transporte público tem várias finalidades. Uma delas é proporcionar mobilidade a custo razoável para largos segmentos da sociedade que de outro modo dificilmente teriam capacidade para se deslocarem para o trabalho, para a escola, para o centro de saúde, etc.. Ou seja, tem um fim social (se bem que, mesmo neste caso, a dimensão económica seja também muito importante: uma cidade imóvel não pode ser competitiva).


Mas o transporte público cumpre também outros papéis.


O crescimento dos grandes centros urbanos traz consigo o congestionamento de tráfego, o consumo de enormes quantidades de combustíveis fósseis (Diário Económico: “Portugal desperdiça 60% da energia que consome” ;“a actual estrutura de consumo portuguesa faz com que cada aumento de um dólar no preço do barril implique uma subida da factura energética à razão de 140 milhões de dólares por ano”) até problemas de saúde relacionados com a poluição atmosférica.
Estes problemas estão associados sobretudo à utilização do automóvel como meio privilegiado de mobilidade. Inerentes a cada um destes problemas estão associados custos difusos (
externalidades negativas) que, embora de difícil quantificação, deviam de algum modo entrar para a demonstração de resultados das empresas prestadoras de transporte público. Ou seja, se os custos difusos da mobilidade em automóvel particular fossem tidos em conta, por cada pessoa que mudasse para o modo de transporte público (2), a respectiva empresa transportadora deveria ter uma compensação (real ou fictícia, neste último caso apenas para aferir da tal eficiência ou utilidade do serviço prestado). Infelizmente, nestes tempos de liberalismo fundamentalista e iliteracia económica gritante em tantos dirigentes e formadores de opinião, este tipo de abordagem não tem grande adesão.

No entanto, com o advento do Protocolo de Quioto e a urgência de combater as alterações climáticas, foi posta em prática a avaliação económica da poluição, com a atribuição de um valor monetário à tonelada de CO2e (unidade que resulta da conversão do efeito de estufa de outros gases).(3)

Por exemplo, o Relatório Stern sobre a economia das alterações climáticas ("Stern Review on the economics of climate change", 2006) atribui um custo social (no sentido de custo para toda a sociedade, o tal custo difuso) ao CO2 equivalente a cerca de 85 dólares (63€): «Each tonne of CO2 we emit causes damages worth at least $85, butemissions can be cut at a cost of less than $25 a tonne.» Ver notícia aqui.

A um nível mais limitado, o do comércio de emissões de CO2, este tem uma cotação diária que sofre oscilações mas que já atingiu valores superiores a 30€.


Ou seja, para as empresas dos sectores que foram obrigados a aderir ao CELE (Comércio Europeu de Licenças de Emissão), os custos da poluição já entram efectivamente nas demonstrações de resultados e a tendência será para aumentarem, com as negociações Pós-Quioto (após 2012) a exigirem reduções de emissões mais severas (
Comissão Europeia propôs uma redução unilateral de GEE para UE de 20% até 2020).

Deste modo, o transporte público assume uma importância económica acrescida e devia ser objecto de orientação política estratégica (aqui, o caso de Helsínquia). Deviam ser fixados objectivos para a redução do tráfego automóvel considerando até, para a sua prossecução, a hipótese da gratuitidade (ou quase gratuitidade; é evidente que a gratuitidade seria apenas para os passes sociais; viajantes ocasionais, como turistas, continuariam a pagar) do transporte público sem prejudicar a sua qualidade. Os custos teriam evidentemente que ser cobertos via Orçamento de Estado e/ou receitas municipais (provenientes da cobrança de, por exemplo, portagens urbanas, coimas, etc.).

Num país onde o apego ao automóvel é muito grande e os preços dos passes sociais não são despiciendos (exemplo de tarifários de passes intermodais – região de Lisboa; para muitos, a despesa com o passe poderá representar mais de 10% do seu rendimento mensal!), existe frequentemente um desincentivo real para a utilização do transporte público (por exemplo, o número de passageiros transportados pela Carris no último quinquénio foi sempre a descer). De modo que, por todas as razões enunciadas, a hipótese da gratuitidade, ainda que transitória, merece a devida consideração numa "estratégia de choque" para alterar a situação presente.

Existe o preconceito de que o serviço público, sobretudo se fôr gratuito, tem tendência a perder qualidade. Ora, a privatização de transportes públicos , nomeadamente do transporte ferroviário, noutros países (Ler "Privatização dos transportes públicos ferroviários" de Miguel B. Araújo, do blogue Ambio), revelou o contrário quanto aos padrões de qualidade do serviço. De qualquer modo, em termos da aferição da eficiência da gestão e prestação do serviço, a qualidade teria que ser sempre uma das variáveis a considerar. Para isso também é fundamental a qualidade dos gestores nomeados para as administrações.

Notas:

(1) Isto não quer dizer que seja irrelevante olhar para os custos operacionais das empresas de transporte. Uma boa gestão é absolutamente fundamental. A este propósito, ler este artigo de Nuno Ribeiro da Silva. Acho apenas que campanhas de "marketing", embora importantes, sem dúvida, não chegam.

(2) - Transporte Colectivo de Passageiros versus Transporte Individual

«As vantagens do Transporte Colectivo de Passageiros versus Transporte Individual são evidentes, tendo em conta que os indicadores por passageiro x km, a nível energético e ambiental são, comprovadamente, muito inferiores.
A título de exemplo:
O automóvel consome, em média, 3 a 4 vezes mais energia primária por passageiro x km transportado, que o autocarro.
As emissões de dióxido de carbono (CO2) por passageiro x km são, em média, 3 a 4 vezes superiores para o automóvel, relativamente ao autocarro. Numa análise quantitativa, as emissões poluentes por passageiro x km do automóvel são, pelo menos, 10 vezes mais do que as do autocarro.» Fonte: Carris

(3) - O cálculo das emissões de CO2 dos transportes não oferece dificuldades de maior. Um conversor como este, resolve o problema.


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quinta-feira, agosto 23, 2007

"Agflação" / "Agflation"

"Agflação" é a nova entrada para o jargão da economia. Trata-se da inflação dos preços de bens agrícolas. Há gerações que não se viam aumentos de preços desta magnitude nos mercados internacionais.
O preço dos cereais, lacticínios (o leite aumentou quase 60% nos mercados internacionais no último ano), carne, etc., têm registado aumentos significativos (aumentos percentuais de dois dígitos), segundo noticia o "The Independent", com o título "The fight for the world's food":
«[...]for the first time in generations agricultural commodity prices are surging with what analysts warn will be unpredictable consequences.»
«Rice prices are climbing worldwide. Butter prices in Europe have spiked by 40 per cent in the past year. Wheat futures are trading at their highest level for a decade. Global soybean prices have risen by a half. Pork prices in China are up 20 per cent on last year and the food price index in India was up by 11 per cent year on year . In Mexico there have been riots in response to a 60 per cent rise in the cost of tortillas.»
Podemos estar a sair da era da alimentação barata, à semelhança do fim da era do combustível barato. Aliás, existe uma relação entre os dois fenómenos. Parte deste aumento nos preços dos bens alimentares está relacionado com a explosão da procura por biocombustíveis, nomeadamente os produzidos a partir do milho, conflituando assim com a sua utilização na produção de alimentos. A maior parte do milho é utilizado como ração para animais de modo que os preços do leite, ovos, manteiga, queijo, carne, gelados, etc. são influenciados pelo preço do milho.
«While relatively little corn is eaten directly it is of pivotal importance to the food economy as so much of it is consumed indirectly. The milk, eggs, cheese, butter, chicken, beef, ice cream and yoghurt in the average fridge is all produced using corn and the price of every one of these is influenced by the price of corn.»
Outra razão para este aumento dos preços é o aumento da procura por parte de países em franco desenvolvimento económico como a China, a Índia, a Rússia, etc. Factores de ordem cultural, como por exemplo, a adopção de dietas alimentares mais "ocidentalizadas", fruto da expansão da grande indústria alimentar para países como a China, terão também o seu peso.
Este aumento de preços dos produtos agrícolas, ao contrário do que possa parecer, pode trazer benefícios para os países mais pobres, embora estas consequências não sejam automáticas e exijam alguma cautela nas análises, dada a complexidade e variedade das situações.
De modo que aqui as opiniões divergem. Por exemplo, Jean Ziegler, relator especial das Nações Unidas para o direito à alimentação teceu fortes críticas aos governos europeus e americano pela sua aposta nos biocombustíveis, acusando-os de condenar à fome centenas de milhares de pessoas.
Frei Betto, frade dominicano brasileiro, fala em necrocombustíveis, necro (que significa morte) por oposição a bio.
Lester Brown, do Earth Policy Institute, afirmou perante o Congresso Americano que o cenário estava montado para uma competição directa entre os 800 milhões de pessoas que têm automóvel e os 2 mil milhões dos mais pobres do mundo.

"The stage is now set for direct competition for grain between the 800 million people who own automobiles, and the world's 2 billion poorest people."

«Anger boiled over this week as Jean Ziegler, the UN special rapporteur on the right to food, accused the US and EU of "total hypocrisy" for promoting ethanol production in order to reduce their dependence on imported oil. He said producing ethanol instead of food would condemn hundreds of thousands of people to death from hunger.»

No entanto, os enormes excedentes agrícolas, gerados pela Política Agrícola Comum europeia e pelos apoios governamentais aos agricultores norte-americanos, foram lançados nos mercados internacionais durante décadas a preços muito reduzidos provocando a ruína dos agricultores de inúmeros países cuja principal fonte de rendimento era a agricultura.
Preços mais elevados poderão contribuir para refazer muitas dessas economias. É uma das conclusões do estudo do WorldWatch Institute, intitulado Biofuels for Transport: Global Potential and Implications for Energy and Agriculture.

Acresce a tudo isto os desafios sobre a produção alimentar que as Alterações Climáticas virão trazer. Segundo a FAO, é provável o aumento do risco de fomes.
As mais recentes tendências da produção alimentar global também lançam alguns alertas, embora alguns não prevejam problemas de maior num horizonte mais ou menos alargado: World food trends and prospects to 2025.

Claro que numa perspectiva tecnocrática bem intencionada tudo poderia correr pelo melhor se a vontade política fosse esclarecida, se a cooperação internacional funcionasse na perfeição, se a corrupção e a ganância não existissem e se a informação/formação dos consumidores fosse perfeita em todos os cantos do mundo. São muitos ses!
Será nesta perspectiva mais ou menos tecnocrática, creio eu, que se poderá incluir este relatório da FAO, "Environment and agriculture".
Nele se analisa a urgência de conciliar as necessidades crescentes por alimentos da Humanidade (que se projecta venha a crescer 50% até 2050) com a preservação da biodiversidade e ainda com a pressão exercida sobre estes dois objectivos resultante da procura crescente por biocombustíveis. Segundo a própria FAO, são "trade-offs"/equilíbrios muito difíceis. De modo que talvez fosse mais sensato admitirmos que algo tem de mudar no "business-as-usual".
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sábado, agosto 18, 2007

Biopirataria no Brasil: o saque de um país fenomenalmente rico


Numa conversa casual com um brasileiro que me cortava o cabelo, ele queixava-se que o salário mínimo brasileiro não chegava ao 400 reais (cerca de 140 €)
Ao meu comentário de que, no entanto, o Brasil deveria ser um dos paises mais ricos do mundo, ele respondeu : ah sim, agora com o petróleo e os transgénicos a coisa deve melhorar.
Acontece que o problema do Brasil é sobretudo institucional: a corrupção e o saque do país em favor de uma elite nacional associada a interesses externos. Não é de transgénicos que o Brasil precisa. Precisa sim de preservar a sua extraordinária biodiversidade, que para além das dimensões éticas e estéticas tem também um gigantesco valor comercial. Conheci um professor de Belas Artes do Estado do Piauí que se lamentava da família ter perdido uma fazenda onde, em tempos, produzia a cera de carnaúba, se bem me lembro, que, disse-me ele, tinha sido usada na produção de discos, antes do petróleo se ter imposto.
Tudo isto vem a propósito de um fenómeno moderno que assola o Brasil e outros países com riquezas semelhantes: a biopirataria. Este texto "Florestas Saqueadas" ilustra bem o problema. A questão aqui não é contra o aproveitamento comercial da biodiversidade, mas contra a sua exploração sem regras, pirata, e sem preocupação pelo futuro.

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quarta-feira, agosto 15, 2007

As ameaças do mundo actual


Um novo livro da colecção Sociedade Global da Editorial Presença: "As ameaças do mundo actual: alterações climáticas, escassez de recursos naturais, marginalização, militarização, terrorismo". Título original,"Beyond Terror"- "Será mesmo o terrorismo internacional a ameaça principal à segurança internacional?"
De facto todos estes tópicos estão, de algum modo, relacionados e exigem uma resposta global, que falta ainda encontrar, mas de que já existem alguns sinais nos movimentos sociais internacionais.

Algumas das ideias

1 - "O terrorismo não é a maior ameaça enfrentada pelo mundo."
2- "As alterações climáticas são o mais grave motivo de preocupação"
3- "A energia nuclear não nos ajuda a combater as alterações do clima ou a satisfazer as necessidades de energia de forma segura"
4- "A procura de recursos, especialmente petróleo, está a provocar conflitos e a gerar insegurança"
5- "Se queremos evitar um futuro altamente instável, precisamos de repensar todas as nossas políticas de segurança"

Este livro dá muitas pistas para propor, obrigar, os governos em geral, e do G8 em especial, alterações radicais nas suas políticas de segurança e externa.
Não chega às 100 páginas, vale a pena ler!
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sábado, agosto 11, 2007

Antibióticos

Participe nesta campanha da Union of Concerned Scientists contra a utilização de antibióticos na produção de carne, subscrevendo esta petição.
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segunda-feira, agosto 06, 2007

A máquina negadora (The denial machine)

Vale a pena ler este artigo da Newsweek sobre o historial das manipulações dos grupos de pressão ligados a várias indústrias acerca da questão das alterações climáticas.
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quarta-feira, agosto 01, 2007

Vídeos de discussão sobre alterações climáticas pela Royal Society

Pode ver os vídeos aqui , basta premir em Environment and Climate, e tem uma lista de 15 sessões, intituladas 'Climate Change Discussion Meeting'.
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quarta-feira, julho 25, 2007

A indústria petrolífera reconhece incapacidade para satisfazer procura a prazo


"My father rode a camel. I drive a car. My son flies a jet-plane. His son will ride a camel."
Saudi Arabian saying

Esta notícia (ver "press release") é relevante, não tanto pelo conteúdo (isto já vinha sendo dito, por exemplo, pela ASPO) mas porque é o "establishment" da indústria petrolífera que o reconhece agora: não haverá petróleo que chegue para as necessidades:

«Humanity is approaching an unprecedented crisis when not enough oil and gas will be produced to keep industrial civilisation running, the world's top oilmen warned last week.

The warning – which is being hailed as a "tipping point" on both sides of the Atlantic – marks the first time that the industry has accepted that it may soon no longer be able to meet demand for its products. In "Facing the Hard Truths about Energy" (sumário do relatório a verde), it gives authoritative support to concern about impending shortages, following a similar alert by the International Energy Agency less than two weeks ago.

The 420-page report, the most comprehensive study ever carried out into the industry, has been produced by the National Petroleum Council, a body of 175 authorities that reports to the US government. It includes the heads of the world's big oil companies including ExxonMobil, Chevron, ConocoPhillips, Occidental Petroleum, Shell and BP.

It is also remarkable for the conversion of its chairman, Lee Raymond, the recently retired chief executive of ExxonMobil, who led opposition against action to tackle global warming, and became environmentalists' most prominent bogeyman. The report argues for "an effective global framework" to manage emissions of carbon dioxide – "incorporating all major emitters" – and urges the US to cut the pollution that causes climate change.

The report concludes that "the global supply of oil and natural gas from the conventional sources ... is unlikely to meet ... growth in demand over the next 25 years". It says that "many observers think that 80 per cent of existing oil production will need to be replaced by 2030" to keep up present supplies "in addition to volumes required to meet existing demand." But, it adds, there are "accumulating risks to replacing current production and increasing supplies".

Though vast amounts of oil and gas remain underground, "complex challenges" and "global uncertainties" are likely to put an end to "the sufficient, reliable and economic energy supplies upon which people depend". And the crunch could come sooner, with oil production becoming "a significant challenge as early as 2015". This chimes with the International Energy Agency's prediction that oil supplies could become "extremely tight" in five years.

The predictions should send a shiver down humanity's collective spine as a shortage of oil and gas has been predicted to cause industrial collapse, market crashes, resource wars and a rise in poverty. Some forecast that fascist regimes will rise out of the chaos.

Chris Skrebowski, editor of the Energy Institute's Petroleum Review, said the report's publication showed the industry "'fessing up that it really has a problem on its hands". Until now, he said, "companies, full of share options, have been terrified of frightening the markets" by revealing the truth.

The report says the fuel efficiency of cars should be increased "at the maximum rate possible" and there should be a crackdown on 4x4s. It calls for "aggressive energy efficiency standards for buildings, and measures to "set an effective cost for emitting carbon dioxide" to combat global warming.» Artigo retirado do jornal "The Independent"

Análise ao Relatório no Energy Bulletin.


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Inundações em Inglaterra, alterações climáticas e transportes públicos

Eis um exemplo da incapacidade dos governos adequarem as políticas de forma coerente com a preocupação que proclamam em relação às Alterações Climáticas. É o tal falso consenso que não se traduz em acções concretas:
«The Government accepts that global warming is the likely cause, but seems incapable of doing anything to curb it. For example, one billion pounds is being removed from subsidies to the privatised train companies which sum will be made up in increased fares, which therefore must increase the use of cars.
Similarly, the private water companies were discouraged from building larger drains and sewage systems, because this would have increased water charges. And no one dare suggest decreased water or rail company profits. And the same profit-driven logic will apply to the building of new houses.» in "Independent" . Ver também aqui. Recomendo também este "post" do blogue "Ambio", intitulado "Privatização dos transportes públicos ferroviários"
Sobre a ligação entre a precipitação extrema e as Alterações Climáticas de origem antropogénica, ver referência ao artigo publicado hoje na "Nature", "Rainfall changes linked to human activity", e respectivo blogue de discussão.
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sexta-feira, julho 20, 2007

AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: A EXIGÊNCIA DE UM NOVO PARADIGMA

As Alterações Climáticas, longe de constituírem apenas mais um problema ambiental, são uma verdadeira ameaça à Civilização Humana (Ver também conclusões, pág. 25 e 26, deste "paper" publicado na Academia Real das Ciências Britânica).
Isto significa um cenário em que a democracia, a paz, a qualidade de vida, o bem estar económico, a esperança de vida e a própria sobrevivência estarão ameaçados num horizonte temporal não muito longínquo se não se alterar radicalmente a forma como produzimos, consumimos e convivemos à escala do planeta.

As Alterações Climáticas são, em parte, o resultado de um modelo de “desenvolvimento” acelerado. A obsessão pelo crescimento desenvolveu uma infra-estrutura energética que é responsável pela aceleração do tempo: estamos a provocar desequilíbrios com um potencial de destruição catastrófico e irreversível à escala do tempo da Civilização.

Torna-se portanto necessário desacelerar, inverter o rumo em direcção ao abismo.

A luta contra as Alterações Climáticas só será eficaz se tivermos uma perspectiva ética que envolva toda a Humanidade (quer à escala micro da nossa vida quotidiana quer à macro escala das relações entre nações), porque nunca como agora a Humanidade esteve tão interdependente (Ver "Um só Mundo - A Ética da Globalização"). E desta vez, pelo menos, não se trata de um lugar-comum afirmá-lo.

As Alterações Climáticas exigem uma nova, ou renovada, forma de pensar em várias áreas da política.

A obsessão com a competitividade tem que dar lugar à cooperação: a partilha de recursos, tecnologias, culturas, é essencial sob pena de cairmos numa situação do tipo “Tragédia dos Comuns”: o egoísmo e a falta de confiança mútua entre os povos leva ao desastre. Há uma necessidade absoluta de se desenvolver um verdadeiro internacionalismo, de considerar o Planeta como a nossa Pátria, a nossa bandeira!
É preciso combater a ideia de que o terrorismo internacional é a principal ameaça que o mundo ocidental enfrenta (ver "As ameaças do mundo actual") . As despesas militares deverão ser reorientadas para a cooperação internacional, para a investigação científica em novas energias, etc. porque o “novo inimigo” não tem rosto e não pode ser combatido com armas.

Mas a ideia fundamental é que o ritmo de vida tem que desacelerar. No processo da chamada “criação de riqueza” estamos na realidade a destruir a base que nos sustenta, o capital natural (Ler este pequeno e interessante artigo sobre os serviços que a natureza nos presta). Infelizmente, ainda não começámos a inverter esta tendência. Pelo contrário, essa tendência parece agravar-se. Uma forma de desacelerar este processo, é reverter a globalização económica.

Instilar o medo, seja do terrorismo, seja da perda de protecção na saúde, de perda de protecção na reforma, de termos de trabalhar mais, da precariedade do trabalho, etc. tudo isso conduz a um sentimento de insegurança perante o qual o problema das Alterações Climáticas parece insignificante e longínquo. Isto só contribuirá para o seu agravamento e antecipação.
A Humanidade já tem os meios para proporcionar uma vida decente a todos os cidadãos do planeta, e é necessário que se diga isto às pessoas (Ver "Os Limites do Crescimento"). Mas estes meios têm que ser partilhados e utilizados com ponderação, sob pena de se esgotarem rapidamente, como é o caso dos combustíveis fósseis. É necessário estarmos atentos aos "Sinais Vitais" do nosso planeta.
Se uns gastarem desenfreadamente (por ex., os EUA), os outros (por ex., a China) não se convencerão da necessidade de contenção (Ler "Protocolo de Esgotamento do Petróleo") . Em último caso, o conflito armado pode ser o resultado, trágico para todos. E muitos parecem ter esquecido como foi trágica a primeira metade do Séc. XX. A paz e a democracia não são um dado adquirido, no Mundo e na Europa. As teorias do fim da história são absurdas.

A partilha significa mais transportes públicos e menos automóveis, mais bibliotecas, mais espaços públicos de convivência e menos centros comerciais, em suma, mais e melhores serviços públicos. Significa produzir menos desperdício. Dificilmente será compatível com a privatização de largos sectores estratégicos, em que as lógicas de produção e investimento pouco têm a ver com as necessidades reais e com a tal partilha. Trata-se de um problema prático, mais até do que puramente ideológico. Segundo o "Relatório Stern", as alterações climáticas são a maior "falha de mercado" jamais vista. É preciso tirar as devidas ilações desta afirmação. Se o mercado não funcionou, como é possível continuar a defender privatizações sem critério (ou quando este é apenas financeiro, de finanças públicas), sobretudo nos sectores estratégicos.
A motivação de uma GALP privatizada é ter o maior lucro possível, o que a retira de uma lógica global, que é a pública, de redução e equidade do consumo.
A publicidade é uma área que precisa de forte regulamentação e limitação. Os estilos de vida que difunde e estimula, o contínuo apelo ao consumismo individualista. é tudo menos o indicado para ajudar a combater as Alterações Climáticas e a degradação ambiental em geral.
Existe um falso consenso sobre o problema das Alterações Climáticas. Estas, por ignorância ou incúria (ver aqui e aqui, a propósito das inundações deste Verão em Inglaterra; o ordenamento do território é um dos pontos salientados) não são levadas de forma suficientemente séria, pela simples razão de que não se traduzem em políticas públicas de fundo e coerentes entre si.
As empresas, em geral, incluindo as públicas (veja-se o caso da Carris com a sua campanha sobre “Sustentabilidade”), parecem encarar a coisa como uma moda, utilizando-a e referindo-se-lhe como algo que fica bem e parece moderno, não passando as medidas que tomam da mera superficialidade. Meras operações de “marketing”, num quadro de “business-as-usual”.É o que se chama de “Greenwashing”, o equivalente verde do branqueamento. Não basta a Carris dizer que é sustentável, são necessárias políticas de transporte coerentes com objectivos temporais para transferir pessoas do transporte particular para o colectivo.


A ideia, difundida nos concertos “Live Earth”, de que é possível combater as Alterações Climáticas sem dor, sem alterar nada de fundamental, é perniciosa. O problema é que se acumularam demasiados erros. Mas não fazer nada é ainda pior. No entanto, uma vez que a mudança seja aceite, muitas das alterações necessárias poderão implicar até uma melhoria da qualidade de vida.
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quarta-feira, julho 18, 2007

Sobre a Política


"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Bertolt Brecht (1898-1956)

Mais citações de Brecht aqui.
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sábado, julho 07, 2007

Al Gore/Avaaz/Live Earth Message - Português

O compromisso referido no vídeo. Subscreva-o e actue. Não me parece suficiente, mas já seria alguma coisa. Este tipo de acções, "Live Earth", levanta, no entanto críticas sérias. Por exemplo, neste artigo no jornal Guardian: "Why rock won't save the planet" (recomendo a leitura).
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sexta-feira, julho 06, 2007

quinta-feira, julho 05, 2007

terça-feira, julho 03, 2007

Privatização da REN: eis mais um exemplo de como se compromete o futuro!


O Jornal de Negócios "online" publica hoje um artigo de Jorge Vasconcelos, ex-presidente da ERSE intitulado "Se privatizar é a resposta, qual foi a pergunta?", sobre qual a lógica por detrás da privatização da REN. Resposta: a miopia financeira! Ou seja, a óptica é apenas fazer dinheiro agora para compor o défice, abdicando progressivamente do controlo de uma empresa estratégica para os interesses do país.
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sexta-feira, junho 29, 2007

Especialistas avisam que o perigo de cataclismo climático é bem real!

O jornal "The Independent", em artigo recente, chamava a atenção para a possibilidade da Terra poder estar em perigo eminente em virtude das Alterações Climáticas. Isto porque, segundo um artigo científico publicado por seis eminentes cientistas na "Philosophical Transactions of the Royal Society A" da Academia Real das Ciências do Reino Unido, a subida do nível das águas pode vir a ser de vários metros ainda este século. O estudo, liderado por James Hansen, director do Goddard Institute (NASA), critica o IPCC (organismo das Nações Unidas que avalia as Alterações Climáticas) por subestimar ("apenas" 40 cm durante este século) o potencial do degelo na Gronelândia e Antárctida:
pág. 25:
«The imminent peril is initiation of dynamical and thermodynamical processes on the West Antarctic and Greenland ice sheets that produce a situation out of humanity’s control, such that devastating sea-level rise will inevitably occur.
With GHGs continuing to increase, the planetary energy imbalance provides ample energy to melt ice corresponding to several metres of sea level per century (Hansen et al. 2005b).»
Diz ainda que dispomos de pouco tempo, para tomarmos medidas draconianas para redução das emissões de CO2 e outros gases com efeito de estufa:
pág. 26:
« The best chance for averting ice sheet disintegration seems to be intense simultaneous efforts to reduce both CO2 emissions and non-CO2 climate forcings. As mentioned above, there are multiple benefits from such actions. However,even with such actions, it is probable that the dangerous level of atmospheric GHGs will be passed, at least temporarily [...]»

As incertezas sobre este processo não nos devem iludir quanto ao caminho a seguir, até porque com os actuais e programados consumos energéticos à escala global (crescimento da China, Índia, etc.), não restam dúvidas, é apenas uma questão de tempo:

«Present knowledge does not permit accurate specification of the dangerous level of human-made GHGs. However, it is much lower than has commonly been assumed. If we have not already passed the dangerous level, the energy infrastructure in place ensures that we will pass it within several decades»
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