As Alterações Climáticas, longe de constituírem apenas mais um problema ambiental, são uma verdadeira ameaça à Civilização Humana (Ver também conclusões, pág. 25 e 26, deste "paper" publicado na Academia Real das Ciências Britânica).
Isto significa um cenário em que a democracia, a paz, a qualidade de vida, o bem estar económico, a esperança de vida e a própria sobrevivência estarão ameaçados num horizonte temporal não muito longínquo se não se alterar radicalmente a forma como produzimos, consumimos e convivemos à escala do planeta.
As Alterações Climáticas são, em parte, o resultado de um modelo de “desenvolvimento” acelerado. A obsessão pelo crescimento desenvolveu uma infra-estrutura energética que é responsável pela aceleração do tempo: estamos a provocar desequilíbrios com um potencial de destruição catastrófico e irreversível à escala do tempo da Civilização.
Torna-se portanto necessário desacelerar, inverter o rumo em direcção ao abismo.
A luta contra as Alterações Climáticas só será eficaz se tivermos uma perspectiva ética que envolva toda a Humanidade (quer à escala micro da nossa vida quotidiana quer à macro escala das relações entre nações), porque nunca como agora a Humanidade esteve tão interdependente (Ver "Um só Mundo - A Ética da Globalização"). E desta vez, pelo menos, não se trata de um lugar-comum afirmá-lo.
As Alterações Climáticas exigem uma nova, ou renovada, forma de pensar em várias áreas da política.
A obsessão com a competitividade tem que dar lugar à cooperação: a partilha de recursos, tecnologias, culturas, é essencial sob pena de cairmos numa situação do tipo “Tragédia dos Comuns”: o egoísmo e a falta de confiança mútua entre os povos leva ao desastre. Há uma necessidade absoluta de se desenvolver um verdadeiro internacionalismo, de considerar o Planeta como a nossa Pátria, a nossa bandeira!
É preciso combater a ideia de que o terrorismo internacional é a principal ameaça que o mundo ocidental enfrenta (ver "As ameaças do mundo actual") . As despesas militares deverão ser reorientadas para a cooperação internacional, para a investigação científica em novas energias, etc. porque o “novo inimigo” não tem rosto e não pode ser combatido com armas.
Mas a ideia fundamental é que o ritmo de vida tem que desacelerar. No processo da chamada “criação de riqueza” estamos na realidade a destruir a base que nos sustenta, o capital natural (Ler este pequeno e interessante artigo sobre os serviços que a natureza nos presta). Infelizmente, ainda não começámos a inverter esta tendência. Pelo contrário, essa tendência parece agravar-se. Uma forma de desacelerar este processo, é reverter a globalização económica.
Instilar o medo, seja do terrorismo, seja da perda de protecção na saúde, de perda de protecção na reforma, de termos de trabalhar mais, da precariedade do trabalho, etc. tudo isso conduz a um sentimento de insegurança perante o qual o problema das Alterações Climáticas parece insignificante e longínquo. Isto só contribuirá para o seu agravamento e antecipação.
A Humanidade já tem os meios para proporcionar uma vida decente a todos os cidadãos do planeta, e é necessário que se diga isto às pessoas (Ver "Os Limites do Crescimento"). Mas estes meios têm que ser partilhados e utilizados com ponderação, sob pena de se esgotarem rapidamente, como é o caso dos combustíveis fósseis. É necessário estarmos atentos aos "Sinais Vitais" do nosso planeta.
Se uns gastarem desenfreadamente (por ex., os EUA), os outros (por ex., a China) não se convencerão da necessidade de contenção (Ler "Protocolo de Esgotamento do Petróleo") . Em último caso, o conflito armado pode ser o resultado, trágico para todos. E muitos parecem ter esquecido como foi trágica a primeira metade do Séc. XX. A paz e a democracia não são um dado adquirido, no Mundo e na Europa. As teorias do fim da história são absurdas.
A partilha significa mais transportes públicos e menos automóveis, mais bibliotecas, mais espaços públicos de convivência e menos centros comerciais, em suma, mais e melhores serviços públicos. Significa produzir menos desperdício. Dificilmente será compatível com a privatização de largos sectores estratégicos, em que as lógicas de produção e investimento pouco têm a ver com as necessidades reais e com a tal partilha. Trata-se de um problema prático, mais até do que puramente ideológico. Segundo o "Relatório Stern", as alterações climáticas são a maior "falha de mercado" jamais vista. É preciso tirar as devidas ilações desta afirmação. Se o mercado não funcionou, como é possível continuar a defender privatizações sem critério (ou quando este é apenas financeiro, de finanças públicas), sobretudo nos sectores estratégicos.
A motivação de uma GALP privatizada é ter o maior lucro possível, o que a retira de uma lógica global, que é a pública, de redução e equidade do consumo.
A publicidade é uma área que precisa de forte regulamentação e limitação. Os estilos de vida que difunde e estimula, o contínuo apelo ao consumismo individualista. é tudo menos o indicado para ajudar a combater as Alterações Climáticas e a degradação ambiental em geral.
Isto significa um cenário em que a democracia, a paz, a qualidade de vida, o bem estar económico, a esperança de vida e a própria sobrevivência estarão ameaçados num horizonte temporal não muito longínquo se não se alterar radicalmente a forma como produzimos, consumimos e convivemos à escala do planeta.
As Alterações Climáticas são, em parte, o resultado de um modelo de “desenvolvimento” acelerado. A obsessão pelo crescimento desenvolveu uma infra-estrutura energética que é responsável pela aceleração do tempo: estamos a provocar desequilíbrios com um potencial de destruição catastrófico e irreversível à escala do tempo da Civilização.
Torna-se portanto necessário desacelerar, inverter o rumo em direcção ao abismo.
A luta contra as Alterações Climáticas só será eficaz se tivermos uma perspectiva ética que envolva toda a Humanidade (quer à escala micro da nossa vida quotidiana quer à macro escala das relações entre nações), porque nunca como agora a Humanidade esteve tão interdependente (Ver "Um só Mundo - A Ética da Globalização"). E desta vez, pelo menos, não se trata de um lugar-comum afirmá-lo.
As Alterações Climáticas exigem uma nova, ou renovada, forma de pensar em várias áreas da política.
A obsessão com a competitividade tem que dar lugar à cooperação: a partilha de recursos, tecnologias, culturas, é essencial sob pena de cairmos numa situação do tipo “Tragédia dos Comuns”: o egoísmo e a falta de confiança mútua entre os povos leva ao desastre. Há uma necessidade absoluta de se desenvolver um verdadeiro internacionalismo, de considerar o Planeta como a nossa Pátria, a nossa bandeira!
É preciso combater a ideia de que o terrorismo internacional é a principal ameaça que o mundo ocidental enfrenta (ver "As ameaças do mundo actual") . As despesas militares deverão ser reorientadas para a cooperação internacional, para a investigação científica em novas energias, etc. porque o “novo inimigo” não tem rosto e não pode ser combatido com armas.
Mas a ideia fundamental é que o ritmo de vida tem que desacelerar. No processo da chamada “criação de riqueza” estamos na realidade a destruir a base que nos sustenta, o capital natural (Ler este pequeno e interessante artigo sobre os serviços que a natureza nos presta). Infelizmente, ainda não começámos a inverter esta tendência. Pelo contrário, essa tendência parece agravar-se. Uma forma de desacelerar este processo, é reverter a globalização económica.
Instilar o medo, seja do terrorismo, seja da perda de protecção na saúde, de perda de protecção na reforma, de termos de trabalhar mais, da precariedade do trabalho, etc. tudo isso conduz a um sentimento de insegurança perante o qual o problema das Alterações Climáticas parece insignificante e longínquo. Isto só contribuirá para o seu agravamento e antecipação.
A Humanidade já tem os meios para proporcionar uma vida decente a todos os cidadãos do planeta, e é necessário que se diga isto às pessoas (Ver "Os Limites do Crescimento"). Mas estes meios têm que ser partilhados e utilizados com ponderação, sob pena de se esgotarem rapidamente, como é o caso dos combustíveis fósseis. É necessário estarmos atentos aos "Sinais Vitais" do nosso planeta.
Se uns gastarem desenfreadamente (por ex., os EUA), os outros (por ex., a China) não se convencerão da necessidade de contenção (Ler "Protocolo de Esgotamento do Petróleo") . Em último caso, o conflito armado pode ser o resultado, trágico para todos. E muitos parecem ter esquecido como foi trágica a primeira metade do Séc. XX. A paz e a democracia não são um dado adquirido, no Mundo e na Europa. As teorias do fim da história são absurdas.
A partilha significa mais transportes públicos e menos automóveis, mais bibliotecas, mais espaços públicos de convivência e menos centros comerciais, em suma, mais e melhores serviços públicos. Significa produzir menos desperdício. Dificilmente será compatível com a privatização de largos sectores estratégicos, em que as lógicas de produção e investimento pouco têm a ver com as necessidades reais e com a tal partilha. Trata-se de um problema prático, mais até do que puramente ideológico. Segundo o "Relatório Stern", as alterações climáticas são a maior "falha de mercado" jamais vista. É preciso tirar as devidas ilações desta afirmação. Se o mercado não funcionou, como é possível continuar a defender privatizações sem critério (ou quando este é apenas financeiro, de finanças públicas), sobretudo nos sectores estratégicos.
A motivação de uma GALP privatizada é ter o maior lucro possível, o que a retira de uma lógica global, que é a pública, de redução e equidade do consumo.
A publicidade é uma área que precisa de forte regulamentação e limitação. Os estilos de vida que difunde e estimula, o contínuo apelo ao consumismo individualista. é tudo menos o indicado para ajudar a combater as Alterações Climáticas e a degradação ambiental em geral.
Existe um falso consenso sobre o problema das Alterações Climáticas. Estas, por ignorância ou incúria (ver aqui e aqui, a propósito das inundações deste Verão em Inglaterra; o ordenamento do território é um dos pontos salientados) não são levadas de forma suficientemente séria, pela simples razão de que não se traduzem em políticas públicas de fundo e coerentes entre si.
As empresas, em geral, incluindo as públicas (veja-se o caso da Carris com a sua campanha sobre “Sustentabilidade”), parecem encarar a coisa como uma moda, utilizando-a e referindo-se-lhe como algo que fica bem e parece moderno, não passando as medidas que tomam da mera superficialidade. Meras operações de “marketing”, num quadro de “business-as-usual”.É o que se chama de “Greenwashing”, o equivalente verde do branqueamento. Não basta a Carris dizer que é sustentável, são necessárias políticas de transporte coerentes com objectivos temporais para transferir pessoas do transporte particular para o colectivo.
As empresas, em geral, incluindo as públicas (veja-se o caso da Carris com a sua campanha sobre “Sustentabilidade”), parecem encarar a coisa como uma moda, utilizando-a e referindo-se-lhe como algo que fica bem e parece moderno, não passando as medidas que tomam da mera superficialidade. Meras operações de “marketing”, num quadro de “business-as-usual”.É o que se chama de “Greenwashing”, o equivalente verde do branqueamento. Não basta a Carris dizer que é sustentável, são necessárias políticas de transporte coerentes com objectivos temporais para transferir pessoas do transporte particular para o colectivo.
A ideia, difundida nos concertos “Live Earth”, de que é possível combater as Alterações Climáticas sem dor, sem alterar nada de fundamental, é perniciosa. O problema é que se acumularam demasiados erros. Mas não fazer nada é ainda pior. No entanto, uma vez que a mudança seja aceite, muitas das alterações necessárias poderão implicar até uma melhoria da qualidade de vida.
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