segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Racionamento de energia

Por altura da Cimeira do Clima em Cancun, surgiu uma notícia de que alguns cientistas defenderam a necessidade de promover o racionamento da energia à semelhança do ocorrido na Segunda Grande Guerra. Afirmava-se que, para reduzir as emissões de CO2 e permitir algum crescimento económico nos países pobres, os países desenvolvidos teriam que suspender o seu crescimento para os próximos 20 anos. Agora, num artigo publicado na "Philosophical Transactions of the Royal Society", Kevin Anderson, ex-director do Tyndall Centre for Climate Change da Universidade de Manchester, e Alice Bows, afirmam que as metas que têm vindo a ser fixadas nas últimas cimeiras são incoerentes com os resultados que vêm sendo fornecidos pela ciência, nomeadamente o objectivo de limitar o aquecimento global a 2ºC. Mais importante ainda, para travarmos as emissões de CO2, não é possível manter o crescimento económico o que exigirá uma "austeridade planeada". Excerto da conclusão do artigo:
«In relation to the first two issues, the Copenhagen Accord and many other highlevel policy statements are unequivocal in both their recognition of 2ºC as the appropriate delineator between acceptable and dangerous climate change and the need to remain at or below 2ºC. Despite such clarity, those providing policy advice frequently take a much less categorical position, although the implications of their more nuanced analyses are rarely communicated adequately to policy makers.
Moreover, given that it is a ‘political’ interpretation of the severity of impacts that informs where the threshold between acceptable and dangerous climate change resides, the recent reassessment of these impacts upwards suggests current analyses of mitigation significantly underestimate what is necessary to avoid dangerous climate change. Nevertheless, and despite the evident logic for revising the 2ºC threshold, there is little political appetite and limited academic support for such a revision. In stark contrast, many academics and wider policy advisers undertake their analyses of mitigation with relatively high probabilities of exceeding 2ºC and consequently risk entering a prolonged period of what can now reasonably be described as extremely dangerous climate change.
Put bluntly, while the rhetoric of policy is to reduce emissions in line with avoiding dangerous climate change, most policy advice is to accept a high probability of extremely dangerous climate change rather than propose radical and immediate emission reductions.

[...] However, given the CCC acknowledge ‘it is not now possible to ensure with high likelihood that a temperature rise of more than 2ºC is avoided’ and given the view that reductions in emissions in excess of 3–4% per year are not compatible with economic growth, the CCC are, in effect, conceding that avoiding dangerous (and even extremely dangerous) climate change is no longer compatible with economic prosperity. [...]
By contrast, the logic of such studies suggests (extremely) dangerous climate change can only be avoided if economic growth is exchanged, at least temporarily, for a period of planned austerity within Annex 1 nations and a rapid transition away from fossil-fuelled development within non-Annex 1 nations.

However, this paper is not intended as a message of futility, but rather a bare and perhaps brutal assessment of where our ‘rose-tinted’ and well intentioned (though ultimately ineffective) approach to climate change has brought us.
Real hope and opportunity, if it is to arise at all, will do so from a raw and dispassionate assessment of the scale of the challenge faced by the global community. This paper is intended as a small contribution to such a vision and future of hope.
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sexta-feira, fevereiro 04, 2011

"O terrorismo dos juros compostos"



Esta expressão foi retirada do livro "Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno", de Serge Latouche. De facto, se pensarmos nas consequências do crescimento exponencial, poderemos ficar assustados com as conclusões. Por isso talvez se perceba melhor a frase de Al Bartlett de que: "The greatest shortcoming of the human race is our inability to understand the exponential function."
Bastam umas contas simples, referidas no mencionado livro (pág. 36):

Para obtermos o período de duplicação de uma determinada grandeza, basta dividirmos 70 pela taxa de crescimento por unidade de tempo.

Isto significa que, por exemplo, se o PIB crescer 3% ao ano, ele duplicará aproximadamente de 23 em 23 anos, e ao fim de 1 século terá crescido cerca de 31 vezes! Mas se crescer 10% ao ano (como na China) duplicará de 7 em 7 anos, e ao fim de um século terá crescido cerca de 16384 vezes! O livro indica 736, mas julgo que está errado, por defeito. 16384 obtém-se do seguinte modo: como a duplicação ocorre de 7 em 7 anos, existem cerca de 14 períodos de 7 anos num século, 2^14=16384!
Se me enganei nas contas, corrijam-me. De qualquer modo, isto ilustra a escala do crescimento, manifestamente insustentável. De modo mais directo,evitando as aproximações, a 10%,ao fim de um século, a grandeza cresceria 13780 vezes (1.10^100). Ler mais...

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

AIE: Pico do Petróleo em 2006!

A Agência Internacional de Energia veio afirmar, no seu World Energy Outlook de 2010(em português), que o pico mundial de produção de petróleo convencional já ocorreu. E já passaram mais de 4 anos! Foi em 2006! Afinal, eram organizações como a ASPO que tinham razão:

"Crude oil output reaches an undulating plateau of around 68-69 mb/d by 2020 but never regains its all-time peak of 70 mb/d reached in 2006" pág. 6 Sumário Executivo (em inglês) Ler mais...