sábado, agosto 18, 2007

Biopirataria no Brasil: o saque de um país fenomenalmente rico


Numa conversa casual com um brasileiro que me cortava o cabelo, ele queixava-se que o salário mínimo brasileiro não chegava ao 400 reais (cerca de 140 €)
Ao meu comentário de que, no entanto, o Brasil deveria ser um dos paises mais ricos do mundo, ele respondeu : ah sim, agora com o petróleo e os transgénicos a coisa deve melhorar.
Acontece que o problema do Brasil é sobretudo institucional: a corrupção e o saque do país em favor de uma elite nacional associada a interesses externos. Não é de transgénicos que o Brasil precisa. Precisa sim de preservar a sua extraordinária biodiversidade, que para além das dimensões éticas e estéticas tem também um gigantesco valor comercial. Conheci um professor de Belas Artes do Estado do Piauí que se lamentava da família ter perdido uma fazenda onde, em tempos, produzia a cera de carnaúba, se bem me lembro, que, disse-me ele, tinha sido usada na produção de discos, antes do petróleo se ter imposto.
Tudo isto vem a propósito de um fenómeno moderno que assola o Brasil e outros países com riquezas semelhantes: a biopirataria. Este texto "Florestas Saqueadas" ilustra bem o problema. A questão aqui não é contra o aproveitamento comercial da biodiversidade, mas contra a sua exploração sem regras, pirata, e sem preocupação pelo futuro.

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