quarta-feira, novembro 25, 2009

Salários máximos?


Um elemento fundamental para garantir a sustentabilidade é a existência de reduzidos níveis de desigualdade. Este é um aspecto pouco discutido quando se fala num mundo mais sustentável. Como diz Andrew Simms, da NEF, “a desigualdade está verdadeiramente na raíz da maior parte dos problemas sociais e, por implicação, dos problemas ambientais”. Isto é fácil de entender na medida em que, quando se exorta a generalidade das pessoas a uma contenção no consumo de recursos, a fazer “sacrifícios”, em nome da “defesa do Planeta” e do ambiente, dificilmente isso será aceite se essas pessoas conviverem com outras que não aparentam respeitar qualquer limite. Isto vem a propósito, por exemplo, dos altos salários e prémios auferidos por gestores (veja-se, entre outros, o caso dos administradores da Redes Energéticas Nacionais), nomeadamente no sector financeiro, e que estão em parte relacionados com a crise financeira que atravessamos. A perspectiva de salários e prémios cada vez maiores levou a uma crescente alavancagem e a uma tomada de riscos cada vez maior, com o resultado que se conhece. Como também afirma Simms, tectos salariais seriam bons para a economia, ao contrário do pretendido pelos defensores do "status quo". Crescem as vozes no sentido de impor limites à desigualdade: NEF, Compass, Extreme Inequality.
Tectos salariais não implicariam necessariamente modelos rígidos. Uma forma de limitar excessos, seria, por exemplo, indexar, ao nível das organizações, os salários máximos aos salários/remunerações mínimos aí praticados. Isto implicaria uma evolução a par, promovendo alguma contenção.
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