quarta-feira, julho 25, 2007

A indústria petrolífera reconhece incapacidade para satisfazer procura a prazo


"My father rode a camel. I drive a car. My son flies a jet-plane. His son will ride a camel."
Saudi Arabian saying

Esta notícia (ver "press release") é relevante, não tanto pelo conteúdo (isto já vinha sendo dito, por exemplo, pela ASPO) mas porque é o "establishment" da indústria petrolífera que o reconhece agora: não haverá petróleo que chegue para as necessidades:

«Humanity is approaching an unprecedented crisis when not enough oil and gas will be produced to keep industrial civilisation running, the world's top oilmen warned last week.

The warning – which is being hailed as a "tipping point" on both sides of the Atlantic – marks the first time that the industry has accepted that it may soon no longer be able to meet demand for its products. In "Facing the Hard Truths about Energy" (sumário do relatório a verde), it gives authoritative support to concern about impending shortages, following a similar alert by the International Energy Agency less than two weeks ago.

The 420-page report, the most comprehensive study ever carried out into the industry, has been produced by the National Petroleum Council, a body of 175 authorities that reports to the US government. It includes the heads of the world's big oil companies including ExxonMobil, Chevron, ConocoPhillips, Occidental Petroleum, Shell and BP.

It is also remarkable for the conversion of its chairman, Lee Raymond, the recently retired chief executive of ExxonMobil, who led opposition against action to tackle global warming, and became environmentalists' most prominent bogeyman. The report argues for "an effective global framework" to manage emissions of carbon dioxide – "incorporating all major emitters" – and urges the US to cut the pollution that causes climate change.

The report concludes that "the global supply of oil and natural gas from the conventional sources ... is unlikely to meet ... growth in demand over the next 25 years". It says that "many observers think that 80 per cent of existing oil production will need to be replaced by 2030" to keep up present supplies "in addition to volumes required to meet existing demand." But, it adds, there are "accumulating risks to replacing current production and increasing supplies".

Though vast amounts of oil and gas remain underground, "complex challenges" and "global uncertainties" are likely to put an end to "the sufficient, reliable and economic energy supplies upon which people depend". And the crunch could come sooner, with oil production becoming "a significant challenge as early as 2015". This chimes with the International Energy Agency's prediction that oil supplies could become "extremely tight" in five years.

The predictions should send a shiver down humanity's collective spine as a shortage of oil and gas has been predicted to cause industrial collapse, market crashes, resource wars and a rise in poverty. Some forecast that fascist regimes will rise out of the chaos.

Chris Skrebowski, editor of the Energy Institute's Petroleum Review, said the report's publication showed the industry "'fessing up that it really has a problem on its hands". Until now, he said, "companies, full of share options, have been terrified of frightening the markets" by revealing the truth.

The report says the fuel efficiency of cars should be increased "at the maximum rate possible" and there should be a crackdown on 4x4s. It calls for "aggressive energy efficiency standards for buildings, and measures to "set an effective cost for emitting carbon dioxide" to combat global warming.» Artigo retirado do jornal "The Independent"

Análise ao Relatório no Energy Bulletin.


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Inundações em Inglaterra, alterações climáticas e transportes públicos

Eis um exemplo da incapacidade dos governos adequarem as políticas de forma coerente com a preocupação que proclamam em relação às Alterações Climáticas. É o tal falso consenso que não se traduz em acções concretas:
«The Government accepts that global warming is the likely cause, but seems incapable of doing anything to curb it. For example, one billion pounds is being removed from subsidies to the privatised train companies which sum will be made up in increased fares, which therefore must increase the use of cars.
Similarly, the private water companies were discouraged from building larger drains and sewage systems, because this would have increased water charges. And no one dare suggest decreased water or rail company profits. And the same profit-driven logic will apply to the building of new houses.» in "Independent" . Ver também aqui. Recomendo também este "post" do blogue "Ambio", intitulado "Privatização dos transportes públicos ferroviários"
Sobre a ligação entre a precipitação extrema e as Alterações Climáticas de origem antropogénica, ver referência ao artigo publicado hoje na "Nature", "Rainfall changes linked to human activity", e respectivo blogue de discussão.
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sexta-feira, julho 20, 2007

AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS: A EXIGÊNCIA DE UM NOVO PARADIGMA

As Alterações Climáticas, longe de constituírem apenas mais um problema ambiental, são uma verdadeira ameaça à Civilização Humana (Ver também conclusões, pág. 25 e 26, deste "paper" publicado na Academia Real das Ciências Britânica).
Isto significa um cenário em que a democracia, a paz, a qualidade de vida, o bem estar económico, a esperança de vida e a própria sobrevivência estarão ameaçados num horizonte temporal não muito longínquo se não se alterar radicalmente a forma como produzimos, consumimos e convivemos à escala do planeta.

As Alterações Climáticas são, em parte, o resultado de um modelo de “desenvolvimento” acelerado. A obsessão pelo crescimento desenvolveu uma infra-estrutura energética que é responsável pela aceleração do tempo: estamos a provocar desequilíbrios com um potencial de destruição catastrófico e irreversível à escala do tempo da Civilização.

Torna-se portanto necessário desacelerar, inverter o rumo em direcção ao abismo.

A luta contra as Alterações Climáticas só será eficaz se tivermos uma perspectiva ética que envolva toda a Humanidade (quer à escala micro da nossa vida quotidiana quer à macro escala das relações entre nações), porque nunca como agora a Humanidade esteve tão interdependente (Ver "Um só Mundo - A Ética da Globalização"). E desta vez, pelo menos, não se trata de um lugar-comum afirmá-lo.

As Alterações Climáticas exigem uma nova, ou renovada, forma de pensar em várias áreas da política.

A obsessão com a competitividade tem que dar lugar à cooperação: a partilha de recursos, tecnologias, culturas, é essencial sob pena de cairmos numa situação do tipo “Tragédia dos Comuns”: o egoísmo e a falta de confiança mútua entre os povos leva ao desastre. Há uma necessidade absoluta de se desenvolver um verdadeiro internacionalismo, de considerar o Planeta como a nossa Pátria, a nossa bandeira!
É preciso combater a ideia de que o terrorismo internacional é a principal ameaça que o mundo ocidental enfrenta (ver "As ameaças do mundo actual") . As despesas militares deverão ser reorientadas para a cooperação internacional, para a investigação científica em novas energias, etc. porque o “novo inimigo” não tem rosto e não pode ser combatido com armas.

Mas a ideia fundamental é que o ritmo de vida tem que desacelerar. No processo da chamada “criação de riqueza” estamos na realidade a destruir a base que nos sustenta, o capital natural (Ler este pequeno e interessante artigo sobre os serviços que a natureza nos presta). Infelizmente, ainda não começámos a inverter esta tendência. Pelo contrário, essa tendência parece agravar-se. Uma forma de desacelerar este processo, é reverter a globalização económica.

Instilar o medo, seja do terrorismo, seja da perda de protecção na saúde, de perda de protecção na reforma, de termos de trabalhar mais, da precariedade do trabalho, etc. tudo isso conduz a um sentimento de insegurança perante o qual o problema das Alterações Climáticas parece insignificante e longínquo. Isto só contribuirá para o seu agravamento e antecipação.
A Humanidade já tem os meios para proporcionar uma vida decente a todos os cidadãos do planeta, e é necessário que se diga isto às pessoas (Ver "Os Limites do Crescimento"). Mas estes meios têm que ser partilhados e utilizados com ponderação, sob pena de se esgotarem rapidamente, como é o caso dos combustíveis fósseis. É necessário estarmos atentos aos "Sinais Vitais" do nosso planeta.
Se uns gastarem desenfreadamente (por ex., os EUA), os outros (por ex., a China) não se convencerão da necessidade de contenção (Ler "Protocolo de Esgotamento do Petróleo") . Em último caso, o conflito armado pode ser o resultado, trágico para todos. E muitos parecem ter esquecido como foi trágica a primeira metade do Séc. XX. A paz e a democracia não são um dado adquirido, no Mundo e na Europa. As teorias do fim da história são absurdas.

A partilha significa mais transportes públicos e menos automóveis, mais bibliotecas, mais espaços públicos de convivência e menos centros comerciais, em suma, mais e melhores serviços públicos. Significa produzir menos desperdício. Dificilmente será compatível com a privatização de largos sectores estratégicos, em que as lógicas de produção e investimento pouco têm a ver com as necessidades reais e com a tal partilha. Trata-se de um problema prático, mais até do que puramente ideológico. Segundo o "Relatório Stern", as alterações climáticas são a maior "falha de mercado" jamais vista. É preciso tirar as devidas ilações desta afirmação. Se o mercado não funcionou, como é possível continuar a defender privatizações sem critério (ou quando este é apenas financeiro, de finanças públicas), sobretudo nos sectores estratégicos.
A motivação de uma GALP privatizada é ter o maior lucro possível, o que a retira de uma lógica global, que é a pública, de redução e equidade do consumo.
A publicidade é uma área que precisa de forte regulamentação e limitação. Os estilos de vida que difunde e estimula, o contínuo apelo ao consumismo individualista. é tudo menos o indicado para ajudar a combater as Alterações Climáticas e a degradação ambiental em geral.
Existe um falso consenso sobre o problema das Alterações Climáticas. Estas, por ignorância ou incúria (ver aqui e aqui, a propósito das inundações deste Verão em Inglaterra; o ordenamento do território é um dos pontos salientados) não são levadas de forma suficientemente séria, pela simples razão de que não se traduzem em políticas públicas de fundo e coerentes entre si.
As empresas, em geral, incluindo as públicas (veja-se o caso da Carris com a sua campanha sobre “Sustentabilidade”), parecem encarar a coisa como uma moda, utilizando-a e referindo-se-lhe como algo que fica bem e parece moderno, não passando as medidas que tomam da mera superficialidade. Meras operações de “marketing”, num quadro de “business-as-usual”.É o que se chama de “Greenwashing”, o equivalente verde do branqueamento. Não basta a Carris dizer que é sustentável, são necessárias políticas de transporte coerentes com objectivos temporais para transferir pessoas do transporte particular para o colectivo.


A ideia, difundida nos concertos “Live Earth”, de que é possível combater as Alterações Climáticas sem dor, sem alterar nada de fundamental, é perniciosa. O problema é que se acumularam demasiados erros. Mas não fazer nada é ainda pior. No entanto, uma vez que a mudança seja aceite, muitas das alterações necessárias poderão implicar até uma melhoria da qualidade de vida.
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quarta-feira, julho 18, 2007

Sobre a Política


"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."

Bertolt Brecht (1898-1956)

Mais citações de Brecht aqui.
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sábado, julho 07, 2007

Al Gore/Avaaz/Live Earth Message - Português

O compromisso referido no vídeo. Subscreva-o e actue. Não me parece suficiente, mas já seria alguma coisa. Este tipo de acções, "Live Earth", levanta, no entanto críticas sérias. Por exemplo, neste artigo no jornal Guardian: "Why rock won't save the planet" (recomendo a leitura).
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sexta-feira, julho 06, 2007

quinta-feira, julho 05, 2007

terça-feira, julho 03, 2007

Privatização da REN: eis mais um exemplo de como se compromete o futuro!


O Jornal de Negócios "online" publica hoje um artigo de Jorge Vasconcelos, ex-presidente da ERSE intitulado "Se privatizar é a resposta, qual foi a pergunta?", sobre qual a lógica por detrás da privatização da REN. Resposta: a miopia financeira! Ou seja, a óptica é apenas fazer dinheiro agora para compor o défice, abdicando progressivamente do controlo de uma empresa estratégica para os interesses do país.
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