sábado, abril 26, 2008

"Our Final Century" de Martin Rees

Martin Rees, astrónomo, actual presidente da Royal Society, escreveu um interessante e perturbador livro cujo título é "O Nosso Século Final - sobreviverá a Civilização ao século XXI?" (apresentação em vídeo).

No mesmo sentido, o diário britânico "The Guardian" lançou um inquérito a 10 cientistas sobre os maiores perigos que a Terra e a Humanidade poderão enfrentar e a probabilidade de ocorrerem. O perigo é classificado numa escala de 1 a 10 ( corresponde à extinção da raça humana) e a probabilidade, de extremamente baixa a muito alta. O nível 10 é atribuído apenas à hipótese, extremamente remota (uf!), de a Terra ser engolida por um buraco negro.



Uma nota curiosa é o perigo de robots super-inteligentes virem a tomar o poder (à semelhança do filme "The Terminator"). A probabilidade de isto ocorrer nos próximos 70 anos é classificada como elevada e o perigo de nível 8 (curiosamente superior à das Alterações Climáticas, de nível 6).Na obra de Rees, estes mesmos perigos são abordados com detalhe. Alguns desses riscos são mínimos, mas dão-nos uma perspectiva interessante sobre a nossa posição no Universo.

Outros riscos estão directamente relacionados com as actividades humanas:

«Environmental changes induced by human activities, still poorly understood, may be graver than the "baseline" threats from earthquakes, eruptions, and asteroid impacts».

É significativo que as alterações ambientais possam representar maior perigo que o impacto de asteróides.
[Escala de Risco de Impacto de Asteróides - Escala de Turim
]

O objectivo da obra é alertar para os perigos que a Terra enfrenta, nomeadamente os resultantes da investigação científica, e lançar o desafio para um maior envolvimento da comunidade científica com o resto da sociedade e vice-versa, à semelhança do que ocorreu com as "Pugwash Conferences" perante o perigo de holocausto nuclear.



The Doomsday Clock

Estamos a entrar numa era em que as ameaças poderão provir não apenas de Estados, como no passado, mas de grupos ou indíviduos isolados com acesso a tecnologia com grande potencial de destruição. Essa tecnologia, seja nuclear, química ou biológica, está cada vez mais acessível à escala planetária.

«We are entering an era when a single person can, by one clandestine act, cause millions of deaths or render a city inhabitable for years, and when a malfunction in cyberspace can cause havoc worldwide to a significant segment of the economy [...]. Indeed, disaster could be caused by someone who is merely incompetent rather than malign»

Isto levanta questões transcendentais em matéria, por ex., de política internacional. Nomeadamente, que é extremamente perigoso que as potências com maior responsabilidade, como os EUA, e a UE também, continuem a alienar uma parcela crescente da Humanidade, seja por intervenções armadas, seja por políticas como a do incentivo aos biocombustíveis, cujo o único fito é o mero interesse próprio, sem consideração pelos destinos dos outros.

Nesta obra levantam-se uma série de questões sobre ética e os limites à investigação científica, o fim da ciência, a exploração do espaço, universos paralelos (vídeo), um futuro pós-humano, etc..

Uma nota curiosa e ao mesmo tempo assustadora tem a ver com certo tipo de experiências. Os cientistas chegam a calcular as probabilidades de certo tipo de experiências, na investigação sobre fusão nuclear por exemplo, poderem representar perigo em termos de destruição do planeta e até do próprio Universo!
Um livro assaz curioso!

Sem comentários: