"A emergente crise da dívida do primeiro mundo" é o título do livro escrito em 2006 por Ann Pettifor.
Trata-se de um excelente livro para compreender a actual crise financeira. Esta obra desmistifica algumas ideias à volta do que é o dinheiro, o crédito, a poupança, do controle das taxas de juro, etc.. Por outro lado, explica de uma forma clara a relação entre a criação de dívida e a degradação do ambiente, a natureza essencialmente parasitária do sistema financeira deixado à solta, sem controle público. O livro insere esta crise financeira no contexto mais vasto da crise ambiental e de esgotamento dos recursos naturais, nomeadamente energéticos, o designado "Triple Crunch / A Tripla Crise". A autora faz parte da New Economics Foundation que lançou a ideia de um novo "New Deal" um "Green New Deal/Um Novo Contrato Verde".
Trata-se de um excelente livro para compreender a actual crise financeira. Esta obra desmistifica algumas ideias à volta do que é o dinheiro, o crédito, a poupança, do controle das taxas de juro, etc.. Por outro lado, explica de uma forma clara a relação entre a criação de dívida e a degradação do ambiente, a natureza essencialmente parasitária do sistema financeira deixado à solta, sem controle público. O livro insere esta crise financeira no contexto mais vasto da crise ambiental e de esgotamento dos recursos naturais, nomeadamente energéticos, o designado "Triple Crunch / A Tripla Crise". A autora faz parte da New Economics Foundation que lançou a ideia de um novo "New Deal" um "Green New Deal/Um Novo Contrato Verde".
De seguida, um excerto retirado do livro citado:
[...] the money that banks put into circulation is actually created by society; it is a "social construct". It does not fall from heaven; nor is it dug up from the soil. It is not even linked to something dug up from the soil, as money was once linked to gold [...].
[...] the money that banks put into circulation is actually created by society; it is a "social construct". It does not fall from heaven; nor is it dug up from the soil. It is not even linked to something dug up from the soil, as money was once linked to gold [...].
[...] o dinheiro que os bancos põem em circulação é na realidade criado pela sociedade; é uma “construção social”. Não cai do céu; nem é extraído do solo. Nem sequer está ligado a algo que seja extraído do solo, como outrora o dinheiro estava relacionado com o ouro [...].
Because it is created by society, money is actually the property of society - of all of us - and should not therefore be appropriated by the banks as their sole property [...].
Porque é criado pela sociedade, o dinheiro é de facto propriedade da sociedade - de todos nós – e não deveria portanto ser apropriado pelos bancos como sua propriedade exclusiva [...].
This is because allowing the banks the privilege of creating money represents a massive subsidy to the tiny minority that own banks, or have shares in banks. A subsidy granted by the bulk of society, which is much poorer, to the rich. [...]
Isto porque conceder aos bancos o privilégio de criar moeda representa um subsídio maciço à pequena minoria que é dona dos bancos, ou detém acções nos bancos. Um subsídio atribuído pela maioria da sociedade, que é muito mais pobre, aos ricos. [...]
By giving the power to create money for nothing to private monopolies like the banking sector, society gives away a massive power: the power to charge rent on this free money. That rent, or interest, is charged to the poor [...] It is like a regressive tax.
Ao atribuir o poder de criar dinheiro a troco de nada a monopólios privados como o sector bancário, a sociedade cede um poder imenso: o poder de cobrar uma renda sobre este dinheiro grátis. Essa renda, ou juro, é cobrada aos pobres [...] É como um imposto regressivo.
[...] To achieve a genuine transformation of the economy at local, national and international level, it will be vital for society to reclaim this great power, and to insist that a) we ( through our elected representatives) set the "rent" or interest on free, costless money ; and b) that our government issues the money (i.e. enters numbers into a ledger) and uses it to fund government projects - "rent"-free; or in other words at either low, or no interest.
[...] Para alcançar uma transformação genuína da economia ao nível local, nacional e internacional, será vital a sociedade reclamar este grande poder, e insistir que a) nós (através dos nossos representantes eleitos) estabelecemos a “renda” ou juro sobre o dinheiro grátis, sem custos; e b) que o nosso governo emita o dinheiro (ou seja, insira números num livro-razão) e o utilize para financiar projectos governamentais – livres de “rendas”; ou, por outras palavras, a juros muito baixos ou nulos.
Tradução de artigo de Ann Pettifor no Jornal Guardian
Não são problemas relacionados com o crédito que estão a travar a recuperação económica, é uma questão de endividamento.
Parte da razão para o nosso desarranjo económico é não compreendermos o crédito. Esta é uma importante lacuna no nosso entendimento colectivo, na medida em que o crédito faz girar a nossa economia, e agora levou a que tudo caísse por terra.
Comecemos com os fundamentos. Primeiro, lembremo-nos de que não mais usamos moeda mercadoria, ie moeda baseada em coisas como contas, conchas, ouro ou prata. Usamos sobretudo moeda bancária – dinheiro que é intangível e existe apenas como números num computador, ocasionalmente impressos em declarações bancárias – como sejam transferências bancárias, “internet banking”, cartões de pagamento electrónicos, cartões de crédito. Esta moeda bancária não é baseada numa mercadoria, mas na confiança. A moeda bancária não corresponde necessariamente às poupanças. Na realidade, não corresponde a nenhuma actividade económica. Como John Law, o genial escocês, salientou uma vez: “A moeda não é o valor pelo qual os bens são trocados; mas por intermédio do qual os bens são trocados”. Em segundo lugar, os empréstimos e investimentos não são feitos primordialmente como resultado das poupanças ou depósitos mantidos pelos bancos, ou na base dessas poupanças ou depósitos. Pelo contrário: são os empréstimos que criam os depósitos. Os empréstimos não são necessariamente uma dádiva de um aforrador que põe de lado uma parcela do seu rendimento numa conta poupança ou empresta ao mercado de capitais internacional. Os bancos não têm de ter poupanças ou “reservas” para expandir o crédito a outros, e cobrar juros. Porquê? Por causa de outro fundamento: porque o dinheiro para um empréstimo bancário não existe até que nós, os clientes, nos candidatamos ao crédito. Tudo aquilo que o banco necessita obter é o colateral (isto é, uma garantia sobre uma propriedade) para segurar o empréstimo.Por outras palavras, longe de o banco começar com um depósito ou reservas, e depois emprestar o dinheiro, o banco começa com a nossa candidatura a um empréstimo (por ex., 300.000€); o activo contra o qual garantimos ou seguramos o reembolso, como a nossa propriedade, e a promessa de repagar com juros. Um funcionário insere então um número num livro-razão. E aí está, 300.000€ são depositados no sistema bancário! O cliente poderá necessitar de um elemento de liquidez do seu depósito – ou seja, notas e moedas – mas este tende a ser uma pequena proporção do dinheiro emprestado. O banco pede emprestado as notas e as moedas ao Banco de Inglaterra, mas o resto do crédito ou moeda bancária, digamos 297.000€, é criado virtualmente sem nenhum custo e sem a ajuda dos aforradores. Keynes interrogava-se acertadamente, “porque... se os bancos podem criar crédito, deveriam eles recusar qualquer pedido razoável pelo mesmo? E porque deveriam eles cobrar uma taxa pelo que lhes custa nada ou muito pouco?” Porquê, de facto? Estes assuntos não são commumente compreendidos. Joseph Schumpeter queixava-se (em 1954) que “provava-se extraordinariamente difícil que os economistas reconhecessem que os empréstimos bancários e os investimentos dos bancos realmente criam depósitos”.A semana passada, o editor de economia da BBC, Robert Peston, escreveu um artigo intitulado: “Porquê punir os aforradores?” Nele afirmava que: A causa quer da crise de liquidez/financiamento inicial dos nossos bancos como da crise de solvência subsequente foi que os empréstimos e outros activos dos nossos bancos cresceram a uma taxa muito mais rápida que os depósitos dos clientes, de tal modo que a diferença atingiu cerca de 700 mil milhões de libras no início deste ano. Ele está errado. Os aforradores não têm influência sobre o volume dos empréstimos bancários ou depósitos. Porque é importante que tenhamos estes conceitos bem definidos? É importante porque de maneira a podermos corrigir o nosso sistema financeiro é necessário um correcto diagnóstico do seu funcionamento e das suas falhas. A verdade é que a banca privada, sob “regulação ligeira”, emprestou em demasia através da criação de demasiado crédito , e “segurou” esses empréstimos, não através das poupanças, mas através de activos cujos preços os empréstimos inflacionaram: de forma mais saliente a/o propriedade/imobiliário. A bolha do crédito ateou o bolha do imobiliário, e ambas expandiram-se insustentavelmente. Em seguida altas taxas de juro provocaram o rebentamento da bolha do crédito o que, por sua vez, deflacionou as bolhas do imobiliário e de outros activos.A economia global está agora a afundar-se sob uma vasta mancha de dívida, e a prioridade deve ser lidar com essa dívida. Não estamos confrontados com uma crise de poupança, como alguns incluindo Peston sugerem. Estamos confrontados com uma maciça crise de dívida.Existem soluções para resolver esta crise. Elas incluem: o reconhecimento de que algumas destas dívidas nunca serão pagas, e deverão ser anuladas, de uma forma ordenada, estruturada. É para isso que servem as nossas leis de falência.Em segundo lugar, precisamos urgentemente de baixar os custos de financiamento – i.e. taxas de juros, especialmente taxas de longo prazo – para ajudar os devedores (quer indívíduos, empresas e governo) a recuperar. Terceiro, precisamos de aumentar os rendimentos e lucros, para permitir aos devedores individuais e empresariais repagarem aos bancos, se queremos manter os bancos solventes. Podemos fazer isso através da despesa, ajudando os negócios/firmas e os seus empregados. Quarto, o governo precisa de “reflacionar” a economia. A única forma de as finanças públicas recuperarem é se a economia recuperar, e para isso acontecer o governo precisa de gastar. Se precisar de pedir emprestado, assim seja, mas esse financiamento terá de ser a taxas de juro muito baixas.Portanto, se o diagnóstico desta crise fosse, não uma crise de dívida, mas uma crise de poupança, então os remédios/soluções teriam que ser bem diferentes. As dívidas não seriam anuladas. Pelo contrário, os devedores poderiam ser enviados para o equivalente actual à prisão de devedores de Marshalsea. Como resultado, as empresas iriam contra a parede, e o desemprego aumentaria ainda mais. As taxas de juro aumentariam para satisfazer os aforradores e punir os devedores. O Banco (de Inglaterra) já tentou este último remédio com taxas de juro demasiado elevadas. Mas em Outubro o Comité de Política Monetária finalmente, e dramaticamente, cortou as taxas. Contudo, as anteriores taxas mais elevadas exacerbaram gravemente a crise que detonou em 9 de Agosto de 2007, sacrificando milhares de pequenos e grandes negócios e desempregando pessoas entretanto.Temos todos que estar agradecidos que 15 meses mais tarde o Banco – guardião das finanças nacionais – tenha finalmente mudado a sua política em relação às taxas de juro. E que alguém na Rua Threadneedle entenda o crédito. Precisamos agora que esse entendimento seja partilhado mais amplamente, com jornalistas como Robert Peston, por exemplo.
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Because it is created by society, money is actually the property of society - of all of us - and should not therefore be appropriated by the banks as their sole property [...].
Porque é criado pela sociedade, o dinheiro é de facto propriedade da sociedade - de todos nós – e não deveria portanto ser apropriado pelos bancos como sua propriedade exclusiva [...].
This is because allowing the banks the privilege of creating money represents a massive subsidy to the tiny minority that own banks, or have shares in banks. A subsidy granted by the bulk of society, which is much poorer, to the rich. [...]
Isto porque conceder aos bancos o privilégio de criar moeda representa um subsídio maciço à pequena minoria que é dona dos bancos, ou detém acções nos bancos. Um subsídio atribuído pela maioria da sociedade, que é muito mais pobre, aos ricos. [...]
By giving the power to create money for nothing to private monopolies like the banking sector, society gives away a massive power: the power to charge rent on this free money. That rent, or interest, is charged to the poor [...] It is like a regressive tax.
Ao atribuir o poder de criar dinheiro a troco de nada a monopólios privados como o sector bancário, a sociedade cede um poder imenso: o poder de cobrar uma renda sobre este dinheiro grátis. Essa renda, ou juro, é cobrada aos pobres [...] É como um imposto regressivo.
[...] To achieve a genuine transformation of the economy at local, national and international level, it will be vital for society to reclaim this great power, and to insist that a) we ( through our elected representatives) set the "rent" or interest on free, costless money ; and b) that our government issues the money (i.e. enters numbers into a ledger) and uses it to fund government projects - "rent"-free; or in other words at either low, or no interest.
[...] Para alcançar uma transformação genuína da economia ao nível local, nacional e internacional, será vital a sociedade reclamar este grande poder, e insistir que a) nós (através dos nossos representantes eleitos) estabelecemos a “renda” ou juro sobre o dinheiro grátis, sem custos; e b) que o nosso governo emita o dinheiro (ou seja, insira números num livro-razão) e o utilize para financiar projectos governamentais – livres de “rendas”; ou, por outras palavras, a juros muito baixos ou nulos.
Tradução de artigo de Ann Pettifor no Jornal Guardian
Não são problemas relacionados com o crédito que estão a travar a recuperação económica, é uma questão de endividamento.
Parte da razão para o nosso desarranjo económico é não compreendermos o crédito. Esta é uma importante lacuna no nosso entendimento colectivo, na medida em que o crédito faz girar a nossa economia, e agora levou a que tudo caísse por terra.
Comecemos com os fundamentos. Primeiro, lembremo-nos de que não mais usamos moeda mercadoria, ie moeda baseada em coisas como contas, conchas, ouro ou prata. Usamos sobretudo moeda bancária – dinheiro que é intangível e existe apenas como números num computador, ocasionalmente impressos em declarações bancárias – como sejam transferências bancárias, “internet banking”, cartões de pagamento electrónicos, cartões de crédito. Esta moeda bancária não é baseada numa mercadoria, mas na confiança. A moeda bancária não corresponde necessariamente às poupanças. Na realidade, não corresponde a nenhuma actividade económica. Como John Law, o genial escocês, salientou uma vez: “A moeda não é o valor pelo qual os bens são trocados; mas por intermédio do qual os bens são trocados”. Em segundo lugar, os empréstimos e investimentos não são feitos primordialmente como resultado das poupanças ou depósitos mantidos pelos bancos, ou na base dessas poupanças ou depósitos. Pelo contrário: são os empréstimos que criam os depósitos. Os empréstimos não são necessariamente uma dádiva de um aforrador que põe de lado uma parcela do seu rendimento numa conta poupança ou empresta ao mercado de capitais internacional. Os bancos não têm de ter poupanças ou “reservas” para expandir o crédito a outros, e cobrar juros. Porquê? Por causa de outro fundamento: porque o dinheiro para um empréstimo bancário não existe até que nós, os clientes, nos candidatamos ao crédito. Tudo aquilo que o banco necessita obter é o colateral (isto é, uma garantia sobre uma propriedade) para segurar o empréstimo.Por outras palavras, longe de o banco começar com um depósito ou reservas, e depois emprestar o dinheiro, o banco começa com a nossa candidatura a um empréstimo (por ex., 300.000€); o activo contra o qual garantimos ou seguramos o reembolso, como a nossa propriedade, e a promessa de repagar com juros. Um funcionário insere então um número num livro-razão. E aí está, 300.000€ são depositados no sistema bancário! O cliente poderá necessitar de um elemento de liquidez do seu depósito – ou seja, notas e moedas – mas este tende a ser uma pequena proporção do dinheiro emprestado. O banco pede emprestado as notas e as moedas ao Banco de Inglaterra, mas o resto do crédito ou moeda bancária, digamos 297.000€, é criado virtualmente sem nenhum custo e sem a ajuda dos aforradores. Keynes interrogava-se acertadamente, “porque... se os bancos podem criar crédito, deveriam eles recusar qualquer pedido razoável pelo mesmo? E porque deveriam eles cobrar uma taxa pelo que lhes custa nada ou muito pouco?” Porquê, de facto? Estes assuntos não são commumente compreendidos. Joseph Schumpeter queixava-se (em 1954) que “provava-se extraordinariamente difícil que os economistas reconhecessem que os empréstimos bancários e os investimentos dos bancos realmente criam depósitos”.A semana passada, o editor de economia da BBC, Robert Peston, escreveu um artigo intitulado: “Porquê punir os aforradores?” Nele afirmava que: A causa quer da crise de liquidez/financiamento inicial dos nossos bancos como da crise de solvência subsequente foi que os empréstimos e outros activos dos nossos bancos cresceram a uma taxa muito mais rápida que os depósitos dos clientes, de tal modo que a diferença atingiu cerca de 700 mil milhões de libras no início deste ano. Ele está errado. Os aforradores não têm influência sobre o volume dos empréstimos bancários ou depósitos. Porque é importante que tenhamos estes conceitos bem definidos? É importante porque de maneira a podermos corrigir o nosso sistema financeiro é necessário um correcto diagnóstico do seu funcionamento e das suas falhas. A verdade é que a banca privada, sob “regulação ligeira”, emprestou em demasia através da criação de demasiado crédito , e “segurou” esses empréstimos, não através das poupanças, mas através de activos cujos preços os empréstimos inflacionaram: de forma mais saliente a/o propriedade/imobiliário. A bolha do crédito ateou o bolha do imobiliário, e ambas expandiram-se insustentavelmente. Em seguida altas taxas de juro provocaram o rebentamento da bolha do crédito o que, por sua vez, deflacionou as bolhas do imobiliário e de outros activos.A economia global está agora a afundar-se sob uma vasta mancha de dívida, e a prioridade deve ser lidar com essa dívida. Não estamos confrontados com uma crise de poupança, como alguns incluindo Peston sugerem. Estamos confrontados com uma maciça crise de dívida.Existem soluções para resolver esta crise. Elas incluem: o reconhecimento de que algumas destas dívidas nunca serão pagas, e deverão ser anuladas, de uma forma ordenada, estruturada. É para isso que servem as nossas leis de falência.Em segundo lugar, precisamos urgentemente de baixar os custos de financiamento – i.e. taxas de juros, especialmente taxas de longo prazo – para ajudar os devedores (quer indívíduos, empresas e governo) a recuperar. Terceiro, precisamos de aumentar os rendimentos e lucros, para permitir aos devedores individuais e empresariais repagarem aos bancos, se queremos manter os bancos solventes. Podemos fazer isso através da despesa, ajudando os negócios/firmas e os seus empregados. Quarto, o governo precisa de “reflacionar” a economia. A única forma de as finanças públicas recuperarem é se a economia recuperar, e para isso acontecer o governo precisa de gastar. Se precisar de pedir emprestado, assim seja, mas esse financiamento terá de ser a taxas de juro muito baixas.Portanto, se o diagnóstico desta crise fosse, não uma crise de dívida, mas uma crise de poupança, então os remédios/soluções teriam que ser bem diferentes. As dívidas não seriam anuladas. Pelo contrário, os devedores poderiam ser enviados para o equivalente actual à prisão de devedores de Marshalsea. Como resultado, as empresas iriam contra a parede, e o desemprego aumentaria ainda mais. As taxas de juro aumentariam para satisfazer os aforradores e punir os devedores. O Banco (de Inglaterra) já tentou este último remédio com taxas de juro demasiado elevadas. Mas em Outubro o Comité de Política Monetária finalmente, e dramaticamente, cortou as taxas. Contudo, as anteriores taxas mais elevadas exacerbaram gravemente a crise que detonou em 9 de Agosto de 2007, sacrificando milhares de pequenos e grandes negócios e desempregando pessoas entretanto.Temos todos que estar agradecidos que 15 meses mais tarde o Banco – guardião das finanças nacionais – tenha finalmente mudado a sua política em relação às taxas de juro. E que alguém na Rua Threadneedle entenda o crédito. Precisamos agora que esse entendimento seja partilhado mais amplamente, com jornalistas como Robert Peston, por exemplo.